quinta-feira, 11 de junho de 2020

Galícia ferve!

Aumenta o movimento de peregrinos e bicigrinos em solo espanhol

Perdão

“Se um homem me fez mal, respondo-lhe com bem, com amor sincero; quanto mais mal, tanto melhor o tratarei. Sê como o sândalo que perfuma o machado que o fere”.
Sidarta Gautama, o Buda.

Galícia ferve!

Agora por terras espanholas, o Caminho Português a Santiago de Compostela oferece uma estrutura de acolhimento ao peregrino muito melhor em comparação a Portugal, o que se deve ao incentivo real que a governo da Galícia proporciona ao Caminho. Afinal, o turismo religioso sintetizado no fenômeno das peregrinações é o poderoso motor da economia da Comunidade Autônoma que tem Santiago de Compostela como capital e que é formada pelas províncias da Corunha, Lugo, Ourense e Pontevedra.
E, acima de tudo, a Galícia ferve no Xacobeo2010, que marca as comemorações pela passagem do Ano Jacobeo, o Ano Santo Compostelano, quando o Dia de Santiago, 25 de julho, cai em domingo e é concedida indulgência plenária, o perdão dos pecados, ao peregrino que vai a Compostela... A expectativa é superar os 179.944 peregrinos registrados no Ano Santo anterior, em 2004, com as projeções apontando para 272.000 peregrinos até o final do ano.
Meu sexto dia de peregrinação, de Tui a Redondela, começou com chuva. Na verdade, uma garoa, mas que criou dúvidas sobre a necessidade de usar ou não a capa. Usei no começo, mas logo tirei, pois aos poucos o tempo foi estiando e em vários momentos o sol brilhou.
A jornada será larga, com 30,9 quilômetros, mas o trecho é repleto de atrações e compensa cada quilômetro. O perfil do terreno também ajuda, apenas com uma subida rápida até Mos para depois descer até a meta, Redondela.
Estou feliz pois o Caminho continua pela antiga Via Romana XIX (já citada, e que ligava as antigas Braga e Astorga...) e logo no início me surpreendo com a concentração de uns 30 peregrinos em frente ao ginásio poliesportivo municipal. Sigo meu Caminho e passo pelos conventos das Clarissas e de Santo Antonio, pela Igreja de São Bartolomeu, o templo mais antigo de Tui, e pela Ponte da Veiga, de origem medieval, com três arcos, sobre o rio Louro. Na sequência, bosques de carvalhos e eucaliptos, belos e encharcados pelas últimas chuvas, desembocando na Ponte das Febres. Trata-se de uma pequena ponte, com apenas um arco, atualmente protegida por uma passarela de madeira. No local, um cruzeiro sinaliza onde São Telmo, patrono de Tui, sofreu febres ao peregrinar a Compostela em 1251. Trazido de volta, não resistiu.
O percurso segue pelos pueblos de Magdalena e Orbenlle, com pequenos bosques e áreas de cultivo. Depois passa por mais um belo exemplar de ponte medieval e atravessa um polígono industrial até chegar a O Porriño – que possui albergue e é opção para quem pretende descansar após 16 quilômetros de caminhada. Aproveito para tomar uma xícara de café com leite e comer um bocadilho de jamón com queijo e me surpreendo com a Igreja de Santa María de Concepcion e o edifício do ayuntamiento, a prefeitura, obra do arquiteto local Antonio Palacios, construída entre 1921 e 1924.
Mais cinco quilômetros de peregrinação, agora subindo e atravessando videiras e diferentes plantações, para chegar a Mos, a 90 metros de altitude. Entre as atrações do pequeno pueblo, onde também funciona um albergue de peregrinos, aprecio os edifícios da Igreja de Santa Eulália del Monte e do Pazo de Mos, datado do século XVI, cujo escudo deu origem ao atual brasão da cidade.
Após Mos, o Caminho agora desce por uma estrada asfaltada, que passa por pequenos pueblos, como Santiaguiño e Galleiro, para enfim chegar a Redondela, conhecida como a “vila dos viadutos” pelos dois grandes viadutos ferroviários construídos no século XIX. Apesar do longo trajeto, cheguei com disposição – afinal, estava começando a Copa do Mundo de Futebol da Fifa, na África do Sul... Em busca do calor peregrino, fiquei no albergue municipal, na antiga Casa da Torre, uma construção renascentista do século XVI.
Buen Camino!
#pedrasdocaminho
#10yearchallenge


Concentração de peregrinos no ginásio poliesportivo municipal de Tui

 
Igreja de São Bartolomeu, o templo mais antigo de Tui

Ponte da Veiga, de origem medieval com três arcos, sobre o rio Louro

Cruzeiro onde São Telmo morreu com febres, quando peregrinava a Compostela

Bosques galegos em Orbenlle

Outra ponte medieval antes de chegar no polígono de O Porriño

Igreja de Santa María de Concepcion, O Porriño

Ayuntamiento de O Porriño, edifício construído entre 1921 e 1924

Caminho atravessa videiras entre outras diferentes plantações

Igreja de Santa Eulália del Monte, em Mos

Pazo de Mos: datado do século XVI 

Cavaleiros na região de Santiaguiño

Caminho desce por uma estrada asfaltada até Redondela

Albergue municipal na antiga Casa da Torre, construção do século XVI

2 comentários:

  1. Eu me senti como se estivesse neste caminho da Espanha! Bonito e histórico albergue! Parabéns

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    1. Olá, Annete. Obrigado pelo olhar, entusiasmo e por me acompanhar nesta peregrinação. Buen Camino!

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