Reprodução do Jornal Perspectiva (www.jornalperspectiva.com.br), edição
nº 282, julho/2018
Itinerário favorece a viagem interior que todo
peregrino busca e também oferece paisagens naturais de extrema beleza
Como não
acontece em qualquer outro lugar do planeta, duas importantes rotas de
peregrinação cristã se enlaçam na Cantábria, Espanha, combinando os mistérios
do Caminho de Santiago e do Caminho Lebaniego. Em junho de 2017, o jornalista
Luiz Carlos Ferraz foi buscar esse conhecimento e experimentar a energia da
convergência dos Caminhos. Com o aprendizado de sua sétima peregrinação pelo
mundo jacobeo, Ferraz lançou em 25 de julho, Dia de Santiago, o livro “Lebaniego”,
que revela um pouco da história, tradição e lenda do Caminho Lebaniego, uma
rota tangencial do místico Caminho de Santiago de Compostela.
A
peregrinação pelo Caminho Lebaniego leva ao Monastério de Santo Toríbio de
Liébana, onde está a Lignum crucis, o maior pedaço da cruz de Jesus Cristo. Em
junho de 2017, durante o Ano Jubilar 2017/2018 (toda vez em que 16 de abril,
Dia de Santo Toríbio, cai em domingo), o autor peregrinou de San Vicente de la
Barquera, no litoral da Cantábria, até o Monastério de Santo Toríbio, encravado
num vale dos Picos de Europa.
Editado
pela Titan Comunicação, o livro está disponível nas livrarias do litoral
paulista – como a Realejo e a Nobel do Shopping Parque Balneário, em Santos – e
na Associação de Amigos e Confrades do Caminho de Santiago de Compostela
(ACACS-SP), na capital paulista.
Ferraz, 62
anos, peregrinou diferentes itinerários do Caminho de Santiago de Compostela,
na Espanha, percorrendo a pé algo em torno de 2.100 quilômetros, e hoje é o
autor brasileiro com mais livros escritos sobre o Caminho de Santiago. Anterior
a “Lebaniego”, Ferraz escreveu em 2017 “Juntos no Caminho”, cujo conteúdo lhe
valeu o segundo lugar, na categoria “Peregrinos”, no II Certame Internacional
de Investigação do Caminho Inglês, promovido pelo Conselho de Oroso, na
Galícia.
É também
autor da trilogia Pedras do Caminho: “Meu Encontro no Caminho de Santiago”,
sobre o Caminho Francês; “Sentido do Perdão”, ambientado no Caminho Português;
e “Busca sem fim”, com foco no Caminho Aragonês. E inaugurou a série
Descobrindo Novos Caminhos com o livro “As pedras do Caminho Sanabrês”, seguido
de “Passos do Amor – A Peregrinação de Francisco, de Assis a Santiago de
Compostela” e “A Última Peregrinação”, que revela os segredos do Caminho
Primitivo.
Lignum crucis: o maior pedaço da cruz de Jesus
Cristo é venerado no Monastério de Santo Toríbio de Liébana
Ficha
Técnica
“Lebaniego,
uma rota tangencial do Caminho de Santiago”
Autor:
Luiz Carlos Ferraz
ISBN:
978-85-910810-9-7
Edição:
01-2018
Editora:
Titan Comunicação
Dimensões:
220 x 220 x 11 mm
Acabamento:
capa dura, papel couchê 115 g/m2
Páginas:
112
Preço
sugerido: R$ 70
Classificação
Temática: Aventura > Viagem
Diante da Porta do Perdão no Monastério de Santo
Toríbio
Peregrinando
o Caminho Lebaniego...
A
denominação Caminho Lebaniego compreende cinco rotas diferentes, que se
entrelaçam com o Caminho de Santiago, e chegam ao Monastério de Santo Toríbio
de Liébana. Duas dessas rotas são acessadas pelo Caminho do Norte: Montanhesa,
a partir de San Vicente de La Barquera, com 72 quilômetros de extensão; e
Asturiana, desde Llanes, município a cerca de 30 quilômetros de San Vicente,
mas que é parte do Principado das Astúrias. As outras três iniciam no Caminho
Francês: Vadiniense, desde Mansilla de las Mulas, com 151 quilômetros; Leonesa,
uma variante da Vadiniense, com 45 quilômetros; e a Castelhana, a partir de
Carrión de los Condes, com 136 quilômetros.
O jornalista
Luiz Carlos Ferraz peregrinou a rota Montanhesa do Caminho Lebaniego em cinco
etapas. A primeira, de San Vicente de la Barquera a Serdio; depois, de Serdio a
Cades; em seguida, de Cades a Cicera; no quarto dia, de Cicera a Potes; e
finalmente, de Potes ao Monastério de Santo Toríbio.
A
Montanhesa é a mais tradicional e atravessa os municípios de San Vicente de la
Barquera, Val de San Vicente, Herrerías, Lamasón, Peñarrubia, Cillórigo, Potes
e Camaleño. O itinerário favorece a viagem interior que todo peregrino busca e
também oferece paisagens naturais de extrema beleza, temperadas com valiosos
exemplares do patrimônio arquitetônico da Cantábria.
O ponto de
partida é San Vicente de la Barquera, cuja origem da vila é atribuída a um
assentamento romano do século I denominado Portus Vereasuecae, citado na obra
“Historia Natural”, de Gayo Plinio Segundo, conhecido como Plinio el Viejo.
Atual porto pesqueiro com população de 3.500 habitantes, está localizado junto
às rías de San Vicente e La Rabía e a maior parte do seu território está
incluída no Parque Natural de Oyambre, uma área protegida de quase seis mil
hectares, que envolve pântanos, falésias, praias, dunas e florestas.
No topo de
um promontório rochoso destaca-se a Igreja de Santa María de los Ángeles. De
estilo gótico, ela foi construída como fortaleza a partir de 1210 pelo rei
Alfonso VIII de Castilla, para acolher e proteger a população que crescia após
a concessão do foro.
Em seu
interior há mais de 400 tumbas anônimas sob o piso de madeira. O altar central
mostra duas virgens, Santa Maria dos Anjos, a padroeira de San Vicente, e a
Virgen de la Silla, uma das quatro virgens com peito descoberto da Cantábria –
as demais estão em Santa María de Lebeña, Santa María de Laredo e no Museu de
Santillana del Mar.
Na capela
da família Corro, o túmulo de estilo renascentista feito em mármore do
inquisidor Antonio del Corro, é obra-prima do século XVI. Outra imagem
fantástica é a do Anjo Marinheiro, que está no teto, feito de madeira
policromada. Ele tem rosto feminino, corpo de homem e segura um remo.
No entorno
da igreja a vista é esplêndida do Naranjo de Bulnes, o pico calcáreo da era
Paleozóica, no Maciço Central dos Picos de Europa, que se reflete na ría de
Pompo.
Outra
construção espetacular de San Vicente de la Barquera é o Castelo do Rei (século
XIII), que funciona como museu e foi construído por Alfonso VIII no mesmo ano
que a igreja (1210). Tem uma torre principal de forma pentagonal e outra
quadrada e exerceu importante função defensiva contra ataques de piratas.
Entre
outros pontos de interesse, o Convento de San Luis, do século XV, está
localizado em frente à Ponte da Maza. Ele foi construído pelos monges
franciscanos no século XV e ali se hospedou Carlos V em 1517 em sua passagem
para ser coroado rei. A Ponte da Maza, também do século XV, possui 28 arcos e
cerca de 500 metros de comprimento. Há ainda o Santuário de la Barquera,
conhecido como La Capilla, do século XV.
Mais um dia fantástico: neblina após a tormenta na
travessia do Canal de Francos
Rico patrimônio da Cantábria: em São Vicente de la
Barquera, a Igreja de Santa María de los Ángeles...
... em Lebeña: a igreja mozárabe de Santa María de
Lebeña