terça-feira, 9 de junho de 2020

O “terror” do Caminho

Labruja: o ponto mais alto do Caminho Português

Perdão

“Foi dito que a continuidade da espécie se deve à capacidade de perdoar, que tem o homem. Perdão é santidade. Graças ao perdão, o universo é mantido íntegro. O perdão é o poder do poderoso. O perdão é sacrifício. O perdão é quietude da mente. O perdão e a gentileza são as qualidades de quem é dono de Si Mesmo. Eles representam a virtude eterna”.
Paramahansa Yogananda, guru indiano, um dos mais respeitados emissários da antiga filosofia da Índia para o Ocidente.

O “terror” do Caminho

A Serra da Labruja, em Portugal, é o “terror” do Caminho Português, entre Ponte de Lima e Rubiães, e por isso muitos peregrinos iniciam a jornada somente após sua travessia, a partir de Rubiães. Há 10 anos... Como eu desconhecia essa fama, enfrentei a etapa de 18,2 quilômetros com o mesmo ânimo dos dias anteriores, apesar da chuva contínua. Enfim, nada é por acaso – especialmente quando se está no sagrado Caminho de Santiago – e eu precisava experimentar a peregrinação nessas condições.
A Serra da Labruja está localizada no último terço desse trecho do Caminho, após a passagem pelas zonas rurais de Arcozelo e Arco, que são decoradas por bosques e cascatas do rio Labruja. Ao chegar no Alto da Portela Grande de Labruja a serra alcança 390 metros de altitude – o ponto mais elevado do Caminho Português! Um intervalo em que o bicigrino, por exemplo, se vê obrigado a desmontar de seu veículo... A paisagem, contudo, compensa o sacrifício.
Depois o Caminho desce rapidamente e pouco antes de São Roque já é possível avistar a Igreja Matriz de Águalonga (São Paio), com arquitetura de influência barroca, que se destaca no centro da pequena aldeia. O Caminho continua descendo e logo se chega a Rubiães, que está 200 metros acima do nível do mar.
O marco da aldeia é a Igreja de São Pedro de Rubiães, românica de 1257, cuja torre do campanário foi acrescentada no século XVII. Em seus jardins estão várias tumbas e um miliário da Via Romana XIX, cujo trecho foi construído pelo imperador César Marco Aurélio Antonino Augusto, o Caracala, que reinou no século I, de 198 a 217.
Tempo difícil, etapa curta... e o maior estrago atingiu em cheio minhas botas Timberland, pois o solado descolou e a tecnologia gore-tex, que deveria garantir a impermeabilidade, simplesmente perdeu a função. Está certo que um ano antes elas estiveram comigo e suportaram os mais de 800 quilômetros do Caminho Francês. Agora, contudo, não aguentaram os primeiros 100 quilômetros do Caminho Português. E com as meias ensopadas brotaram bolhas nos pés. Em vez do albergue municipal, preferi ficar no Residencial O Repouso do Peregrino e fui recompensado pela hospitalidade portuguesa. A dona ajudou a secar minhas meias e me ofereceu folhas de jornal para fazer o mesmo com as botas...
Buen Camino!
#pedrasdocaminho
#10yearchallenge

Região de Arcozelo

As pedras do Caminho Português...

Chuva e muita lama em Arco

Mirando o Alto da Portela Grande de Labruja

Labruja: entorno compensa o esforço

Flecha amarela aponta o Caminho

Continuando a subir...

Igreja Matriz de Águalonga (São Paio): arquitetura com influência barroca

Portal da Igreja de São Pedro de Rubiães, românica de 1257

Tumbas nos jardins da Igreja de São Pedro de Rubiães

Nenhum comentário:

Postar um comentário