Labruja:
o ponto mais alto do Caminho Português
Perdão
“Foi dito
que a continuidade da espécie se deve à capacidade de perdoar, que tem o homem.
Perdão é santidade. Graças ao perdão, o universo é mantido íntegro. O perdão é
o poder do poderoso. O perdão é sacrifício. O perdão é quietude da mente. O
perdão e a gentileza são as qualidades de quem é dono de Si Mesmo. Eles
representam a virtude eterna”.
Paramahansa
Yogananda, guru indiano, um dos mais respeitados emissários da antiga filosofia
da Índia para o Ocidente.
O “terror” do
Caminho
A Serra da
Labruja, em Portugal, é o “terror” do Caminho Português, entre Ponte de Lima e
Rubiães, e por isso muitos peregrinos iniciam a jornada somente após sua
travessia, a partir de Rubiães. Há 10 anos... Como eu desconhecia essa fama, enfrentei
a etapa de 18,2 quilômetros com o mesmo ânimo dos dias anteriores, apesar da
chuva contínua. Enfim, nada é por acaso – especialmente
quando se está no sagrado Caminho de Santiago – e eu precisava experimentar a
peregrinação nessas condições.
A Serra da
Labruja está localizada no último terço desse trecho do Caminho, após a passagem
pelas zonas rurais de Arcozelo e Arco, que são decoradas por bosques e cascatas
do rio Labruja. Ao chegar no Alto da Portela Grande de Labruja a serra alcança
390 metros de altitude – o ponto mais elevado do Caminho Português! Um intervalo em que o bicigrino, por exemplo, se vê obrigado a desmontar de seu veículo... A
paisagem, contudo, compensa o sacrifício.
Depois o Caminho
desce rapidamente e pouco antes de São Roque já é possível avistar a Igreja
Matriz de Águalonga (São Paio), com arquitetura de influência barroca, que se
destaca no centro da pequena aldeia. O Caminho continua descendo e logo se
chega a Rubiães, que está 200 metros acima do nível do mar.
O marco da
aldeia é a Igreja de São Pedro de Rubiães, românica de 1257, cuja torre do
campanário foi acrescentada no século XVII. Em seus jardins estão várias tumbas
e um miliário da Via Romana XIX, cujo trecho foi construído pelo imperador César
Marco Aurélio Antonino Augusto, o Caracala, que reinou no século I, de 198 a
217.
Tempo
difícil, etapa curta... e o maior estrago atingiu em cheio minhas botas
Timberland, pois o solado descolou e a tecnologia gore-tex, que deveria
garantir a impermeabilidade, simplesmente perdeu a função. Está certo que um
ano antes elas estiveram comigo e suportaram os mais de 800 quilômetros do
Caminho Francês. Agora, contudo, não aguentaram os primeiros 100 quilômetros do
Caminho Português. E com as meias ensopadas brotaram bolhas nos pés. Em vez do
albergue municipal, preferi ficar no Residencial O Repouso do Peregrino e fui
recompensado pela hospitalidade portuguesa. A dona ajudou a secar minhas meias
e me ofereceu folhas de jornal para fazer o mesmo com as botas...
Buen Camino!
#pedrasdocaminho
#10yearchallenge
Região
de Arcozelo
As
pedras do Caminho Português...
Chuva
e muita lama em Arco
Mirando
o Alto da Portela Grande de Labruja
Labruja:
entorno compensa o esforço
Flecha
amarela aponta o Caminho
Continuando
a subir...
Igreja
Matriz de Águalonga (São Paio): arquitetura com influência barroca
Portal
da Igreja de São Pedro de Rubiães, românica de 1257
Tumbas
nos jardins da Igreja de São Pedro de Rubiães
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