quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Caminho de Santiago na TV brasileira


Entrevista foi feita pela jornalista Daiany Andrade

Quem perdeu a entrevista ao vivo hoje pela manhã no Programa Bem da Terra, apresentado pela jornalista Daiany Andrade, pode acessar o link
http://tvterraviva.band.uol.com.br/videos/programas/bem-da-terra/16311718/jornalista-relata-experiencias-do-caminho-de-santiago-em-livros.html  Na pauta, claro, o Caminho de Santiago!
Aproveito para agradecer a carinhosa equipe do programa, especialmente as jornalistas Annete e Rafaela, pelo acolhimento e pela caneca personalizada – que guardarei como um troféu!
O Programa Bem da Terra é veiculado no canal Terra Viva, que integra o sistema Bandeirantes de televisão, e envolve uma rede de distribuição que combina TV aberta via satélite, TV por assinatura, internet e aplicativos, um universo de mais de 20 milhões de domicílios, atingindo mais de 64 milhões de telespectadores.
TV por assinatura via satélite:
Sky | Canal 158 - mais de 5,1 milhões de domicílios, atingindo mais de 16,4 milhões de telespectadores.
Claro TV | Canal 183 - mais de 3,2 milhões de domicílios, atingindo mais de 10,2 milhões de telespectadores.
Sim TV | Canal 71 - mais de 100 mil domicílios, atingindo mais de 300 mil telespectadores.
Oi TV | Canal 178 - mais de 900 mil telespectadores.
NET | Canal 183 - mais de 7 milhões de assinantes.
Transmissão via parabólica de recepção gratuita:
Banda C 3790 MHz
Banda L 1360 MHz
(Filtro BW em 18 MHz)

Buen Camino!
#pedrasdocaminho

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Perdão no Caminho Lebaniego!

Texto publicado originalmente no jornal Perspectiva. Edição 271, agosto/2017.
Também no site www.jornalperspectiva.com.br

Luiz Carlos Ferraz

Após peregrinar por seis itinerários diferentes do Caminho de Santiago de Compostela (*), fui inspirado a peregrinar, em junho passado, uma rota tangencial do tradicional Caminho cristão: durante cinco dias percorri cerca de 70 quilômetros do Caminho Lebaniego, de San Vicente de la Barquera ao Monastério Santo Toríbio de Liébana, na Comunidade Autônoma da Cantábria, no Norte da Espanha.
O Monastério está localizado aos pés do Maciço Central dos Picos de Europa, na Cordilheira Cantábrica, e guarda a “lignum crucis”: o maior pedaço da cruz de Jesus Cristo, referente ao braço esquerdo, que Toríbio (402-480) trouxe de sua peregrinação a Jerusalém no século X.
A datação da madeira foi feita por carbono 14 e revelou que é da espécie Cupressus sempervivens L., nativa da Palestina e da época de Jesus. No Monastério, a “lignum crucis” é exibida dentro de um relicário de prata dourada em forma de cruz, confeccionado em 1679 numa oficina de Valladolid. Ela permanece guardada numa capela abobadada de estilo barroco, projetada em 1705.
Até 21 de abril de 2018 o Caminho Lebaniego estará comemorando seu 73º Ano Jubilar – em obediência a bula do Papa Júlio II, de 23 de setembro de 1512. É Ano Jubilar toda vez que o dia dedicado ao Santo, 16 de abril, cai em domingo. E, nesta circunstância, a Porta do Perdão do Monastério permanece aberta, abençoando os peregrinos com indulgência plenária, ou o perdão dos pecados.

O peregrino diante da Porta do Perdão do Monastério Santo Toríbio de Liébana

 
“Lignum crucis”: a madeira da cruz de Jesus Cristo

 Cinco rotas fazem parte do Caminho Lebaniego. Elas se entrelaçam com dois Caminhos de Santiago, do Norte e Francês, e daí vem a sua definição de rota tangencial. Para peregriná-lo é importante atentar para a sinalização: enquanto o Caminho de Santiago é marcado pelas flechas amarelas, o Lebaniego é identificado pela cruz vermelha.
O peregrino do Caminho do Norte, pode adotar o desvio a partir de San Vicente de la Barquera, pela chamada rota Montanhesa. Afastando-se do litoral, serão cerca de 70 quilômetros pela Cordilheira Cantábrica, com belas paisagens e uma vista estupenda dos Picos de Europa. Pode também iniciar em Llanes, ainda no Caminho do Norte. Já o peregrino do Caminho Francês, o mais famoso dos itinerários que levam a Compostela, tem à disposição outras três rotas. A mais famosa é denominada Vadiniense, com desvio em Mansilla de las Mulas, e possui cerca de 151 quilômetros até o Monastério.
Naturamente, é possível utilizar as rotas tangenciais para venerar a Lignum crucis e atravessar do Caminho do Norte para o Francês e vice-versa e continuar a peregrinação até Santiago de Compostela, onde na cripta da Catedral estão guardadas as relíquias do Apóstolo de Jesus, Tiago Maior.
Capturei o conceito de rota tangencial quando escrevia “Busca sem fim”, o terceiro livro da trilogia Pedras do Caminho, que trata de minha peregrinação pelo Caminho Aragonês a Santiago de Compostela. Sem ter a plena noção que estava adotando uma rota tangencial, logo após Jaca deixei o itinerário tradicional para alcançar Atarés e chegar ao Monastério San Juan de la Peña. O lugar é mágico e sua tradição afirma que abrigou o Santo Graal e as relíquias de São Indalécio, discípulo de Santiago e um dos Sete Varões Apostólicos.
Este é o trecho de “Busca sem fim”, no qual a concepção é explicada pelo escritor espanhol Bizén d’o Rio Martínez, numa tradução livre:
“A crença na eficácia da intercessão dos santos para o perdão dos pecados foi algo generalizado que se arraigou lentamente, fazendo que, imperceptivelmente, à peregrinação com um objetivo específico, ou seja, Santiago de Compostela, fosse adicionada uma rota tangencial, que levava o peregrino a visitar, às vezes por devoção e outras por obrigação, como no caso dos prisioneiros, um famoso monastério ou santuário, buscando a distância e a dificuldade de acesso...”.
Escolhi a mais tradicional das rotas do Caminho Lebaniego, a Montanhesa, e a peregrinei em cinco etapas. A primeira, de San Vicente de la Barquera a Sérdio; depois, de Sérdio a Cades; em seguida, de Cades a Cicera; no quarto dia, de Cicera a Potes; e finalmente, de Potes ao Monastério Santo Toríbio.
A rota montanhesa atravessa os municípios de San Vicente de la Barquera, Val de San Vicente, Herrerías, Lamasón, Peñarrubia, Cillórigo, Potes e Camaleño, e favorece a viagem interior que todo peregrino busca e também oferece paisagens naturais de extrema beleza, combinadas com valiosos exemplares do patrimônio arquitetônico da Cantábria.
(*) Francês (2009), Português (2010), Aragonês (2012), Sanabrês (2013), Primitivo (2015) e Inglês (2016). Também realizei a travessia de Assis, na Itália, a Santiago de Compostela, perseguindo os passos de Francisco em sua célebre peregrinação no século XIII. Porém, o trajeto foi feito de trem, ônibus e carro.

Rota tangencial do Caminho de Santiago comemora Ano Jubilar

Sinais no Caminho Lebaniego: flecha e cruz na cor vermelha

Trilha fluvial do rio Nansa: um dos belos trechos do Caminho Lebaniego

Igreja mozárabe de Santa María de Lebeña: joia pré-românica

Mais um livro?

Tudo indica que a peregrinação pelo Caminho Lebaniego será detalhada em mais um livro. Resgatei informações preciosas e as imagens são magníficas. Além disso, minha busca pelos mistérios do Caminho de Santiago é permanente. Quanto mais encontro respostas mais indagações surgem, o que cristaliza em mim a máxima socrática de que o que sei é que nada sei.
Desde a primeira peregrinação a Compostela persigo a história do Caminho de Santiago, que compartilho por meio de livros. O fruto de uma série de peregrinações está detalhado em sete livros, sendo o último deles, “Juntos no Caminho de Santiago, as pedras do Caminho Inglês”, lançado em abril passado num encontro memorável na Igreja Anglicana de Santos. Sobre as questões que ora me instigam refleti com profundidade nos dias em que peregrinei o Caminho Lebaniego. Daquilo que semeei e hei de colher espero ter o discernimento necessário para compartilhar com alegria no próximo livro, colaborando para fomentar ainda mais a mística sobre o Caminho de Santiago.

O Caminho!

O Caminho de Santiago é uma famosa rota de peregrinação cristã e desde a descoberta do sepulcro do Apóstolo Tiago Maior, no primeiro terço do século IX, em Compostela, na Galícia, fomentou inúmeros itinerários de diferentes pontos da Europa...

Buen Camino!
#pedrasdocaminho

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Acolhida e hospitalidade no Caminho de Santiago

Santiago Apóstolo no altar mor da Catedral de Santiago de Compostela

Assinada pelo Cabildo, o colégio de sacerdotes da Catedral de Santiago de Compostela, foi divulgada hoje, em Santiago de Compostela, a “Carta pastoral de los obispos del Camino de Santiago de Francia y España”, denominada “Acogida y hospitalidad en el camino de Santiago”. Este é o texto original, na íntegra. Boa leitura y Buen Camino!

Introducción

1. En los caminos de peregrinación, como el de Santiago de Compostela, se ofrece la hospitalidad, humana y espiritual, a muchos hombres y mujeres que «buscan a Dios secretamente, movidos por la nostalgia de su rostro» (Papa Francisco) 1. ¿No son los lugares de acogida, verdaderos espacios de comunión de la Iglesia, el sitio privilegiado del encuentro entre dos corazones que se buscan? El de Dios que busca al hombre, y el del hombre a quien le falta ló esencial, su deseo de ser colmado. Así, cuando los heridos en el alma emprenden largas peregrinaciones a pie, en caballo o bicicleta, desean reencontrar la esperanza, equilibrio y sentido en su vida, presienten que se abrirá una puerta, la puerta de la misericordia, cuyo nombre es: HOSPITALIDAD. Así, en la parábola del hijo pródigo, el padre espera pacientemente la vuelta de su hijo menor que se fue a vivir una vida desordenada: desde lejos, «lo vio y se le conmovieron las entrañas», y, sin más preâmbulos ni condiciones, sin desconfianza, el Padre, el anfitrión divino, «se le echó al cuello y lo cubrió de besos» (Lc 15,20). Cuando se abre la puerta del perdón, empieza a disiparse cualquier dolor o desesperación.
El peregrino se va configurando en el Camino en el encuentro consigo mismo: se puso en marcha, dejó sus lugares habituales y su entorno, consumido por un deseo profundo, a veces confuso e inexplicable, de encuentro y comunión. ¿Conseguirá experimentar esta comunión entre los que van a su lado y aquellos que le ayudan a seguir adelante, con la providencial presencia de Jesús y del amigo del Señor, el apóstol Santiago a su lado?
Recordemos que la tradición de la peregrinación consiste em iniciarla desde la propia casa. Será por lo tanto posible pedir al párroco o al obispo de la diócesis una bendición o la entrega de uma credencial. Esto permite crear un vínculo entre la peregrinación y la parroquia con vistas a una mejor vivencia de la vida después de la peregrinación y, para el peregrino, comprender que la peregrinación prosigue de otra forma, en el compromiso vida parroquial.

La hospitalidad

2. La hospitalidad, como dimensión antropológica, es una tradición arraigada en todas las edades y civilizaciones. La hospitalidad es filoxenía, amor al extranjero. La hospitalidad es así un tema recurrente en la Odisea de Homero, donde hasta Zeus es hospitalario. En la Antigüedad clásica, «La hospitalidad sigue unas reglas muy precisas.
Se debe ofrecer al extranjero un baño y vestidos limpios. Se le debe sentar a la mesa, lo que es el mejor medio de indicar su integración provisional en la comunidad, y hacerlo partícipe del banquete honrándole con una porción selecta. Se le debe, en fin, ofrecer um “regalo de hospitalidad” (doron), que a veces se confunde con la comida, luego ofrecerle los medios necesarios para regresar a su casa» 2.
La hospitalidad es acoger al forastero, al extranjero, del que no se sabe nada: ni quién es, ni de donde viene, ni lo que busca. Solamente sabemos que es un caminante de paso, solo, lejos de su casa y de su familia. Tal vez, como Jacob (Gén 28, 11-19), se siente sólo em medio del mundo, pero desde las coordenadas de Dios es un hijo amado, llamado a descubrir una vida nueva, aún sin saberlo.
La hospitalidad no es preguntar, enjuiciar, sino solamente acogerle, darle de beber y de comer, una cama, dinero para el viaje, palabras de estímulo y orientación. Es la hospitalidad que ofrece Abraham a los tres desconocidos que pararon en Mambré ante su puerta (Gn 18, 1-5). O la que Labán muestra al recibir con honores al servidor de Abrahán (Gén 24, 28-32), y Lot cuando introduce en su casa a los ángeles (Gén 19, 1-8). En Sunem, Eliseo fue invitado por una mujer sunamita a quedarse a comer, y finalmente a ocupar la alcoba que levantó para él en su terraza (2 Re 4, 8-10.13). Es la misericórdia que mostró el samaritano al recoger al herido, llevarlo a una posada, y dejar dinero para que lo curasen y pudiera recuperarse durante el tiempo necesario (Lc 10, 25-37).

El Evangelio de la Hospitalidad o «La hospitalidad en el corazón del Evangelio»

En el Antiguo Testamento, la prescripción de la hospitalidad (Lev 19, 34) sigue a la del amor del prójimo (Lev 19, 18). De esta manera, Dios ha querido pedir hospitalidad para su Hijo Jesús a una joven virgen de Nazaret, María. Desde ese día, la hospitalidad acordada al extranjero, al desconocido, al que viene de fuera, practicada como um deber sagrado por muchas sociedades tradicionales, vino a ser uma gracia divina, una bendición. Jesús eleva esta última prescripción a mandamiento principal: «Amarás al Señor tu Dios con todo tu corazón, con toda tu alma y con toda tu mente. Es el más grande y primer mandamiento. El segundo es semejante al primero: amarás a tu prójimo como a ti mismo» (Mt 22, 37). Esto es lo que nos enseña Jesús de manera sintética y recapituladora de toda la ley. La hospitalidad del extranjero o del peregrino no es pues una prescripción como las demás, sino una primicia del amor al prójimo que es la virtud de la caridad. Jesús, anfitrión, imagen de todos los hospitaleros y voluntarios, personifica esta gracia y recapitula en Él la relación de acogida recíproca: ¡acogeos unos a otros como Yo os acojo!

3. La hospitalidad tiene una larga tradición a lo largo de los Caminos de Santiago. Instituciones particulares, municipios, hospitales, albergues, comedores, para dar al viajero «hospitalidad». No fue siempre la mejor y deseable; y la fama de los posaderos incluía su avaricia, los engaños cometidos, la falta de compasión hacia los pobres o los enfermos. Desde hace décadas que vuelve a ser recorrido el Camino, volvieron también las iniciativas y se multiplican los gestos hospitalarios. Los primeros son los vecinos de los pueblos, que ofrecen un vaso de agua, una manzana, un lugar donde descansar.
Es necesario señalar, así mismo, las instituciones y asociaciones que abren albergues, acogen en sus casas, y no piden sino «la voluntad» o lo justo para mantener el lugar, negocian con hosteleros y taberneros para que haya precios accesibles a los peregrinos.
4. ¿En qué se distingue o se puede distinguir la «hospitalidad cristiana» de la simple «hospitalidad»? ¿Basta, para que exista, com el mero hecho de declararse «hospitalero cristiano»? ¿Se plantea la hospitalidad cristiana como una competencia, como rivalizando com las demás? ¿Como un recorrido paralelo que no quiere mezclarse con el existente? ¿No tiene que ser el cristiano la levadura en la masa? ¿Se siente el cristiano superior a los demás al administrar, o acogerse en, un albergue «cristiano»? ¿Cómo realizar una verdadera «hospitalidad cristiana» sin postergar a los demás, sin encerrarse em una torre de marfil?
5. La presencia de cristianos en el camino es primordial para mantener la tradición religiosa de la gran peregrinación a Santiago de Compostela y ser activos testigos de la fe en Cristo: ¿acaso no están en un terreno privilegiado de evangelización mediante la acogida personal, la oferta cultural y la liturgia sacramental?
Los signos externos de la hospitalidad cristiana deben ser visibles en los albergues, sin ser exagerados. Tiene que haber crucifijos en la entrada y en las salas, alguna imagen del apóstol Santiago, y folletos explicando su vida. Alguna imagen de la Virgen, si es posible que sea la representación de alguna Virgen local. Biblias (en varios idiomas) y, si se quiere, ejemplares de los últimos escritos de los papas. Pero también guías del Camino, guías locales con los monumentos que se pueden visitar, anuncios de las fiestas locales, novenas en varios idiomas, periódicos, anuncios relativos a la ciudad de Santiago, meta del peregrino (horarios de los oficios religiosos, de la Acogida y liturgias específicas, en los diversos idiomas, para el encuentro final de la peregrinación, horario y mapa de la Oficina del Peregrino, direcciones de albergues donde alojarse varios días, museos y monumentos que se pueden visitar, etc.).
Si hay una iglesia no muy lejos del albergue, que sirva como lugar de oración. El hospitalero cristiano, con la ayuda de los feligreses locales, se encargará, de acuerdo con el cura, de mantenerla abierta a las horas adecuadas e invitará a sus huéspedes a acudir a ella para contemplar y meditar. Si es posible, se harán unas vísperas, uma misa vespertina, y/o una bendición del peregrino cuando salga; y se ofrecerá el sacramento de la Penitencia al que lo pida. El hospitalero cristiano avisará de esos horarios de apertura de la iglesia y de los oficios a los demás hospitaleros (no «cristianos»), por si esos acogen en sus albergues a peregrinos interesados. Si, entre los peregrinos, hay algún sacerdote, se le pedirá que oficie y se anunciará para que puedan también participar los vecinos.
6. Lugares privilegiados del Encuentro con Aquel que invita a emprender la peregrinación y que acompaña con su Presenci al peregrino en camino, los santuarios del camino y las iglesias ofrecen la posibilidad de recuperar fuerzas. ¿No dan la oportunidad de «llenarse» de gracia, al contemplar a Cristo en su Presencia real acompañado por el Santo local?
Incumbe a las parroquias el facilitar el acceso a esas casas de Dios y de oración, para que todos los «transeuntes» puedan encontrar em ellas refugio, paz y alivio. ¿No convendría que se pudiese disponer en ellas de informaciones, libros de intenciones, e incluso de un lugar específico preparado para la oración (capilla de Santiago, imagen de Santiago, candeleros, textos de oración...)?

La hospitalidad en casas religiosas y monasterios

7. La tradición hospitalaria monástica está recogida ya en la Regla de San Benito, de principios del siglo VI. El cap. 53, al tratar de «la recepción de los huéspedes», señala tres virtudes para el ejercicio de la hospitalidad: caridad, humildad y honestidad. La atención, que consiste en recibir al invitado como a una Buena Nueva irrumpiendo en la vida cotidiana del hospitalero, no será una mera cortesía sacada de un manual de buenos modales y tampoco una amabilidad convenida para una satisfacción personal. ¿No es la llegada del necesitado, ocasión de misericordia y caridad, una contribución a la economía de la salvación? (Mt 25). ¿No significa la evocación de Jesús invitado por Zaqueo la finalidad profunda de la hospitalidad: «Hoy ha sido la salvación de esta casa» (Lc 19, 9)?
La hospitalidad cristiana más visible es la que dan los monastérios y las casas parroquiales. Muchos peregrinos las buscan y las aprecian. Necesita ser ampliada y beneficiarse con ayudas específicas. Pueden quizás recurrir a hospitaleros y hospitaleras voluntarios.
Propondrán a los huéspedes seguir los oficios religiosos o monásticos, y guardar el silencio mayor. En algunos casos pueden compartir mesa con los peregrinos o con las peregrinas, según Sean regulares –depende entonces de su regla– o seglares. O proponer alguna conversación particular para explicar su vocación y escuchar al caminante. Por esto en todos los monasterios habrá un monje o una monja dedicados exclusivamente a la Acogida de los Peregrinos, de tal forma que a cualquier hora del día que lleguen al monastério puedan ser acogidos como el mismo Cristo.
A las lecturas habituales, se añadirán folletos o libritos explicando la peregrinación a Santiago y lo que el peregrino encontrará en la meta, y opúsculos sobre la orden a la que pertenece el monasterio, la historia de éste y de sus ocupantes, o lo que es el sacerdocio en caso de casas parroquiales.

El hospitalero cristiano

8. El mero hecho de estar bautizado y ser un católico practicante no es suficiente para ser «hospitalero cristiano». Es necesaria una formación que permita profundizar en la fe propia: ¿Soy capaz de hablar de Dios? Y ¿con sencillez de corazón y coherencia de vida ante Dios?
El hospitalero tendrá que responder a preguntas muy diversas sobre los fundamentos de su fe –se imponen reflexiones serias sobre cada apartado del Credo y del Pater noster– sobre la Iglesia –su historia, su administración, su papel, lo que la diferencia de otras–, sobre lo que es la religión, sobre la moral.
9. El hospitalero cristiano no es un periodista ni un psicólogo. Los periodistas exigen respuestas inmediatas, opiniones sobre la marcha, que el entrevistado aporte, sin reflexionarlo, sus sentimientos acerca del hecho que acaba de ocurrir, que lo haga «en caliente». Se impone la inmediatez y, por lo tanto, lo no razonable. Decirle al caminante, que está en camino, que no ha terminado su recorrido, que hable de su experiencia, pedirle que ponga palabras sobre lo que aún pertenece a lo indecible, lo que debe ser pensado, madurado, reflexionado, es quedarse –y hacer quedar al otro– en la superficie de las cosas. Ya lo hacen los que cuentan, casi minuto a minuto, su recorrido por las redes sociales. En palabras de Fabrice Hadjadj: «Cuando se cree que el pensamiento existe fuera de la palabra, y que la palabra es sólo un medio de expresión de ese pensamiento, lo importante, de inmediato, ya no es lo que se piensa, sino lo que se experimenta.
El democrático bienhechor parece abrir en nosotros un espacio de diálogo al ordenarnos: «¡Exprésate!». En realidad, nos prohíbe ser contemplativos o meditativos» 3.
10. El hospitalero cristiano tampoco es un psicólogo o un asistente social que, deseoso de poner en práctica la mayeútica, intentará que el otro hable de sí mismo y llegue así a formular unas nociones que el interlocutor no conocía o nunca había expresado. No todo el mundo es Sócrates. Y el imponer un diálogo, que generalmente empieza por «Cuéntame tus impresiones», o «Dime por qué haces esta peregrinación», o «¿Te está dando el Camino lo que esperabas al iniciarlo?», sólo dará lugar a respuestas inmediatas: las ampollas de los pies, la mala recepción en el albergue X, que hay demasiada gente en el Camino, que uno se ha encontrado con una simpática pareja australiana...
El hospitalero cristiano tiene que dar testimonio de su fe de dos formas por lo menos. En primer lugar, por el ejemplo. Y no solo por el hecho de estar en un albergue «cristiano». Su acogida debe de ser abierta, fraternal y alegre para todos y cualquiera que llegue, sin distinciones, aunque el caminante esté de mal humor, tenga mal carácter, huela mal, sea hasta agresivo. En cada peregrino que aparezca, el hospitalero verá a Cristo, verá la obra del Creador, y lo acogerá en su casa. Con alegría, porque la fe no debe ser triste, malhumorada o deprimente. El hospitalero meditará el gaudium de la Evangelii gaudium y la laetitia de Amoris laetitia, porque la luz –la Lumen fidei– debe iluminar y no entristecer.
11. En la Audiencia general del 22 de febrero de 2017, dijo el papa Francisco:
«El cristiano no vive fuera del mundo, sabe reconocer en la propia vida y en lo que lo circunda los signos del mal, del egoísmo y del pecado. Es solidário con quien sufre, con quien llora, con quien es marginado, con quien se siente desesperado… Pero, al mismo tiempo, el cristiano ha aprendido a leer todo esto con los ojos de la Pascua, con los ojos de Cristo Resucitado. Y entonces sabe que estamos viviendo el tiempo de la espera, el tiempo de un deseo que va más allá del presente, el tiempo del cumplimiento. En la esperanza sabemos que el Señor quiere sanar definitivamente con su misericordia los corazones heridos y humillados y todo los que el hombre ha deformado en su impiedad, y que de este modo Él regenerará un mundo nuevo y una humanidad nueva, finalmente reconciliada en su amor».
12. Los autores de los sermones del libro I del Codex Calixtinus decían que San Juan representa la caritas, el amor, y San Pedro la fides, la fe, Santiago era spes, la esperanza.
En el camino hacia Santiago, el caminante, el extranjero, debe percibir que está en marcha hacia la esperanza. Cada etapa le acerca a la esperanza. Cada hospitalero es un testigo de esa esperanza, del amor de Dios, del perdón del pecado, de la humanidad redimida. Su forma de ser, las modalidades de su acogida, la alegría profunda que debe irradiar, testimonian su fe.
El hospitalero dará también testimonio de su fe escuchando al peregrino si ése quiere hablar. No forzará en ningún momento ese deseo de expresarse. Y, tras escuchar, no aprovechará para transformarse en periodista o en psicólogo. Invitará al peregrino a meditar, a quedarse en silencio, a buscar en su interior la respuesta.
Muchos peregrinos anhelan el silencio porque en la vida cotidiana sobran las palabras, los diálogos de sordos, la palabrería, el incesante ruido de fondo. La mirada con que el hospitalero habrá acogido a esse peregrino, ese enviado de Dios, ayudará a que busque en sí mismo al Otro, a Cristo.
13. Naturalmente, el hospitalero no rechazará contestar, si se le hace una pregunta directa: ¿Qué es Dios? ¿Quién es Dios? ¿Crees em Dios? ¿Por qué? Y también será capaz de contestar si se le pregunta ¿Quién es Santiago? ¿Está enterrado en Compostela? ¿Por qué? ¿Que significan las diversas representaciones del Apóstol? El hospitalero proseguirá así la misión del Apóstol, se hará apóstol del Evangelio, consciente de que sigue los pasos de uno de los Doce.
14. «Gratis habéis recibido, dad gratis» (Mt 10, 8): se recomienda que los albergues cristianos sean de donativo o que pongan um precio muy asequible. La experiencia personal de la peregrinación predispone a los hospitaleros a ser voluntarios, para «devolver algo de lo que recibieron» durante su peregrinación, a conocer las necesidades de los peregrinos y a transmitir el espíritu católico de esa vivencia.
Asilos de paz y de beneficencia, las hospitalidades cristianas, a veces verdaderos «hospitales de campaña» según la expresión del Papa Francisco, deberían ser las «casas-testigo» de la Iglesia donde sopla el Espíritu de paz, el espíritu de alegría y de amor.
La labor de los hospitaleros, de cada hospitalero, a ló largo del Camino de Santiago preparará progresivamente al peregrino a meditar, a reencontrarse a sí mismo, a descubrir a Dios en su interior: «La conversión, aunque el discurso del predicador disponga a ello, no es una convicción engendrada por ese discurso, sino un encuentro libre del que oye con Cristo, que se oculta hasta al predicador» 4. Para que, cuando llegue a la meta, cuando se termine su largo andar, el peregrino encuentre la esperanza y, recibiendo los sacramentos, comprenda en ló más íntimo de su ser el significado de «Yo soy el camino y la verdad y la vida. Nadie viene al Padre sino por mí» (Jn 14,6).

Algunas conclusiones a tener en cuenta

15. Como pastores, servidores de una Iglesia Samaritana, a la vera de los caminos jacobeos de España y Francia, hacemos nuestras las palabras del Papa Francisco en su primera predicación en la basílica de Santa María la Mayor, en la eucaristía celebrada como obispo de Roma, en la que dijo: «soy un peregrino y quiero estar entre los peregrinos» 5. He aquí nuestra propuesta para nosotros y para todos los hospitaleros y voluntarios que habéis entregado vuestro corazón a esta hermosa tarea evangelizadora de nuestro tiempo.
La vida, ha expresado el Santo Padre, es para caminar, para hacer algo, para ir adelante 6. Mientras vivimos en esta tierra, vamos peregrinando hacia esa meta final y podemos constatar que nuestro corazón no se satisface plenamente sólo con las metas que nos vamos trazando en nuestra vida temporal. De este modo Francisco afirma que nuestra experiencia es la de buscar siempre algo más. Algo que llene nuestro corazón de plenitud, de amor, de belleza, de paz y fortaleza interior. Y es que peregrinamos buscando a Dios, para que llene nuestra vida de esa plenitud.
16. Caminar es, por tanto, según Francisco, estar en movimiento, desinstalarse, salir de la quietud, que se hace comodidad que paraliza y espera inactiva, rutinaria, formalista, y avanzar liberados de condicionamientos, para «leer con realismo los acontecimientos de la existencia» 7. Así, el Papa considera que la vida es un camino del que desconocemos cuándo se acabará, pero es un camino. No se puede vivir la propia vida estando detenidos. La vida es para caminar, para hacer algo, para ir adelante, para construir una amistad social, uma sociedad justa, para proclamar el Evangelio de Jesús 8.
En toda peregrinación nos dice Francisco, se viven muchas experiencias: entusiasmo por llegar a la meta, alegría, cansancio, esperanza, incertidumbre, sacrificio, duda, dolor… Se requiere voluntad y esfuerzo para realizarla. Además es una experiencia de misericordia, de compartir y de solidaridad con quien hace el mismo camino, como también de acogida y generosidad por parte de quien hospeda y asiste a los peregrinos 9.
17. La experiencia de la peregrinación es vista por el Papa como um gran símbolo de la vida humana y cristiana. Cada uno de nosotros puede ser «errante» o «peregrino». El tiempo que vivimos contempla a muchas personas «errantes», porque carecen de un ideal de vida y a menudo son incapaces de dar sentido a los sucesos del mundo.
Con el signo de la peregrinación, mostramos la voluntad de no ser «errantes». Nuestro camino está en la historia, en un mundo en el que los confines se amplían cada vez más, caen muchas barreras y nuestros caminos están unidos de modo cada vez más estrecho al de los demás 10. Afirma S.S. Francisco que en la peregrinación podemos encontrar a Dios, viviendo una vida espiritual intensa que se hace concreta em los momentos fuertes de oración y en la vivencia de Su presencia en nuestra vida cotidiana; así, toda situación, ya sea de dolor o de alegría, cobra sentido, cuando vamos descubriendo qué nos quiere decir Él, em ellas.
La vida es, en definitiva para el Papa, una peregrinación, y el ser humano es viator, un peregrino que recorre su camino hasta alcanzar la meta anhelada 11.

Con María y los Santos

18. Estaría incompleta nuestra reflexión acerca del Camino de Santiago, si no hiciéramos alusión a la Virgen María, aunque no sea este el lugar para tratarla con la amplitud necesaria. Por María se inserta y se inicia la peregrinación del Hijo en el mundo y, em consecuencia, la verdad de la encarnación y de la redención va ligada a la verdad de María.
Teniendo en cuenta todo el hecho Jacobeo, podemos afirmar que el auge de las peregrinaciones coincide con la edad de oro de la devoción mariana en Occidente. La teología, la iconografía y el culto marianos, profundamente arraigados en la cristiandad Oriental, pasan con una fuerza creciente también a Occidente, renovados com el encuentro entre los nuevos pueblos cristianos: francos, latinos, germanos, celtas y eslavos, convertidos al cristianismo y cuyo vínculo más permanente es el Camino de Santiago.
Así lo han vivido tantos hombres y mujeres que a lo largo de los siglos han sentido la protección de la Madre en su caminar hacia la tumba del Apóstol. En Santiago se cantó la Salve regina y luego serán los peregrinos franceses quienes ofrezcan esta plegaria a los peregrinos que hacen el Camino Francés. Así lo testifican las diversas advocaciones marianas a lo largo del Camino: Nuestra Señora de Le Puy, Rocamadour, Roncesvalles o la Virgen del Camino. Invoquemos a María, icono de la hospitalidad, para todos los hospitaleros y los que, de una forma u otra, practican la acogida de los peregrinos por los caminos del santuario de Santiago de Compostela 12:

Oh María, Tú que acogiste en tu seno al Verbo hecho carne, abre el corazón de los hospitaleros del camino para que, al acoger a peregrinos y desvalidos, se den cuenta de que «en ellos se recibe especialmente a Cristo» y «adoren en ellos a Cristo, que es a quien se recibe» (Regla de San Benito, Recepción de huéspedes).

Otra oración:

Oh tú, Nuestra Señora, la primera en el camino
alégrate de todos los peregrinos
que caminan hacia Compostela y otros santuarios.
Ayúdales en el camino. ¡Que no desespere ninguno!

A menudo una herida los llevó al camino.
Acompaña los duelos y alivia las penas,
ilumina su recorrido y aconseja sus decisiones
como la madre que dió Jesús en la cruz.

Tú que escuchaste las necesidades del esposo
y les dijiste a los criados que hiciesen lo que dijera,
mira con bondad esta muchedumbre variada
que se encamina hacia Santiago sin saber quien es.

¡Que por Ti los caminantes se vuelvan peregrinos!
Despierta los corazones y que cada uno descubra
en lo más profundo de su ser esta pequeña llama,
imagen del Creador, luz para la vida.

Que Santiago, en el último día, acoja a cada uno de ellos.
En medio de las estrellas, al final del camino.
Tú también estarás allá, Santa Virgen María,
la primera en el camino, a nosotros te adelantaste.

Son muchos los peregrinos que han sido elevados a los altares como santos y beatos. Son como faros de luz que nos invitan a la santidad de vida, como eco y fin de la peregrinación jacobea. Basta citar algunos ejemplos: Santo Domingo de la Calzada, San Godric de Finchale, San Guillermo de Montevirgine, San Juan de Ortega, San Lesmes, Santa Bona de Pisa, San Martino de León, bienaventurado Ángel de Gualdo, bienaventuado Raimundo Lulio, Santa Isabel de Portugal, Santa Brígida de Suecia, San Amaro, San Benito-José Labre, San Juan Pablo II o el último peregrino canonizado: San Amaro Ronconi.
Con nuestro agradecimiento, bendición y oración para que todos alcancemos, algún día, el Pórtico de la Gloria y Jesús nos reconozca como peregrinos del Señor Santiago.
Santiago de Compostela, 12 de julio de 2017
Cabildo de la Catedral de Santiago de Compostela

NOTAS
1 Papa Francisco, Evangelii gaudium, n° 14.
2 Suzanne Saïd, Homère et l’Odyssée, Paris, Belin, 1998.
3 Fabrice Hadjadj, ¿Cómo hablar de Dios hoy? Anti-manual d evangelización, Granada, Editorial Nuevo Inicio, 2013, § 32, p. 69.
4 Fabrice Hadjadj, ¿Cómo hablar de Dios hoy?..., § 55, p. 111.
5 Francisco, Homilía de la primera Misa celebrada como Obispo de Roma, 15 de marzo de 2013.
6 Francisco, Discurso a los peregrinos en la 38ª edición de la peregrinación a pie de Macerata a Loreto, en Italia, 11 de junio de 2016.
7 Francisco, Homilía en la Misa del inicio del Ministerio Petrino, 19 de marzo de 2013.
8 Francisco, Discurso a los peregrinos en la 38ª edición de la peregrinación a pie de Macerata a Loreto, en Italia, 11 de junio de 2016.
9 Francisco, Homilía de la primera Misa celebrada como Obispo de Roma, 15 de marzo de 2013; Francisco, Mensaje a las Academias Pontificias con motivo de la Asamblea Plenaria «Ad Limina Petri», 11 de noviembre de 2015.
10 Francisco, Discurso a los participantes en la peregrinación de la orden ecuestre del Santo Sepulcro de Jerusalén, 13 de septiembre de 2013.
11 Francisco, Misericordiae Vultus, nº 14.
12 M. Cuende – D. Izquierdo, «María en el Camino de Santiago», en Estudios Marianos 60 (1994) 179-197.

sábado, 1 de julho de 2017

Obrigado, Cristóbal Ramírez!


Amigos unidos por Santiago: Carmen, Cristóbal e Pepa

Conheci o jornalista Cristóbal Ramírez semanas antes de peregrinar o Caminho Inglês, em junho de 2016. Pesquisava as melhores opções da tradicional rota de peregrinação e encontrei no Facebook o grupo “Amigos del Camino Inglés” criado pelo jornalista. Fui aceito e a partir daí passamos a trocar informações, culminando com nosso memorável encontro, sob os auspícios da hospitaleira Maria José Gonzalez, a Pepa, no Albergue de Délia, em Sigüeiro.
Ao saber, no início deste ano, que me preparava para lançar meu sétimo livro, exatamente sobre a peregrinação pelo Caminho Inglês, Cristóbal me incentivou e aceitei participar do II Certame Internacional de Investigação do Caminho Inglês, promovido pelo Concello de Oroso. Escrevi uma versão compacta do livro, fiz a tradução para o galego, e fui premiado em segundo lugar na categoria relato de peregrinos. Experimentei a máxima de que “santo de casa não faz milagre” e exultei de alegria pelo reconhecimento no universo jacobeo.
Com viagem marcada para Espanha para peregrinar o Caminho Lebaniego, ainda tentei remarcar a partida, e por questão de dias não pude estar presente à entrega do prêmio, na qual me fiz representar pela amiga, a grande irmã que Santiago me deu, a santiaguense Carmen Vazquéz Nolasco. Concluída a peregrinação, contudo, acompanhado por Carmen, fui a Sigüeiro, agradecer os organizadores do evento cultural e, claro, rever amigos...

Carmen, Leandro del Rio, Luis Villaverde, eu, Manuel Gómez, Beatriz e Pepa

Na biblioteca do Concello de Oroso, onde funciona o Centro de Estudios e Investigación del Camino Inglés, a recepção foi conduzida pela bibliotecária Beatriz Durán Rodriguez. Havíamos apenas trocado e-mails e fiquei muito contente em conhecê-la e sua delicadeza em aceitar a doação de um exemplar de “Juntos no Caminho de Santiago, as pedras do Caminho Inglês”. Gentil, me presenteou com o recém-lançado guia “Descrición do Camiño Inglés da Coruña a Compostela”, de autoria de Manuel Pazos Gómez e Trese Barton. Na oportunidade conheci o conselheiro de Cultura de Oroso, Luis Rey Villaverde, e o parabenizei pela iniciativa.
Chegou Pepa, para quem havia anunciado minha visita, e fiquei muito feliz... A presenteei com o livro, que tem uma foto dela no albergue com peregrinos.
Tiramos fotos no auditório onde aconteceu a premiação, a qual infelizmente não compareci, e fui informado que está programada a impressão de um livro com os trabalhos premiados dos dois concursos já realizados para investigação do Caminho Inglês. Quem sabe, uma excelente oportunidade de retornar a Sigüeiro!
Nas despedidas, chegou Cristóbal. Não esperava vê-lo naquele momento, pois no dia anterior havia marcado com ele, para o final da tarde, um encontro em Compostela, na cafeteria do Hostal dos Reys Católicos. Pepa, contudo, armou tudo.
Vamos ao café, agora! Presenteei Cristóbal com exemplar do livro. E o papo rolou solto, com muitas histórias sobre a magia do Caminho, o meu primeiro encontro com Carmen, em Laza, quando peregrinei o Caminho Sanabrês, em 2014, a bolha em meu pé que Pepa tratou no ano passado, assistida atentamente pelos peregrinos curiosos, a visita de Cristóbal ao albergue, que relato no livro... entre tantos assuntos.
Aquela manhã ensolarada está cravada em meu coração. Obrigado, Carmen, obrigado, Pepa, obrigado, Cristóbal!
Cristóbal despediu-se antes, para tratar da inscrição de crianças num acampamento de férias. Eu e Carmen seguimos com Pepa até o novo albergue de Sigüeiro, onde ela atua como hospitaleira enquanto se organiza para retomar as atividades do tradicional Albergue de Délia, cujo nome é uma homenagem à querida mãe.
Despedimos-nos emocionados, certos de que um dia nos reencontraremos...
Na manhã seguinte fui surpreendido com artigo de Cristóbal, que li no site La Voz de Galícia, em www.lavozdegalicia.es/noticia/santiago/santiago/2017/06/21/span-langglluiz-carlos-ferrazspan/0003_201706S21C12991.htm, e transcrevo abaixo:

“Luiz Carlos Ferraz

Por Cristóbal Ramírez
21/06/2017 05h00
Cada uno es cada uno, pero como el periodista brasileño Luiz Carlos Ferraz no hay otro. Resulta difícil que lo hubiera en el pasado y es casi seguro que en el futuro no lo habrá ni en su país, ni en este, ni en ningún otro. Hombre peculiar, siempre sonriente, persona de y con fe, ni un pelo en la cabeza, edad media. Reflexivo. Enamorado de las rutas de peregrinación, sobre todo del Camino de Santiago. Ya ha recorrido rutas jacobeas en seis ocasiones. El año pasado («Foi a primeira da minha amada esposa Sandra») hizo el Inglés desde Ferrol una vez en territorio gallego (en realidad partió de Londres, bajó por Francia y llegó a Ferrol, rumbo siempre a Compostela). Y escribió un libro, Juntos no Caminho de Santiago. As pedras do Camiño Inglés, que acaba de ser publicado en Brasil. Se suma, por cierto, a otros seis. Este es un relato de peregrinos a la vieja usanza, contando vicisitudes, alegrías, dudas y esperanzas. Con unas buenas fotografías. De él sacó -no textualmente, claro- los folios que presentó al II Certamen Internacional de Investigación que convocó el Concello de Oroso, y ganó un segundo premio.
Estos días Luiz Carlos pateó el Camino Lebaniego, en Cantabria. Y al acabar se desvió a Compostela a saludar a algunos amigos. Regresa mañana a su tierra. Pero ayer encontró un hueco para desplazarse a Sigüeiro, ver a «su» hospitalera (había parado en el Albergue Delia, ahora cerrado) y dirigirse al Centro de Estudios e Investigación del Camino Inglés a entregar, de una manera sencilla, humilde y solemne que le honra, un ejemplar de su libro para los fondos de ese organismo. Irrepetible. Al colega brasileño, vaya adonde vaya, es de justicia desearle Buen Camino, peregrino”.

Foi minha primeira surpresa, pois, logo após ler “Juntos no Caminho de Santiago”, Cristóbal preparou uma resenha do livro para o site Periódico del Camino, www.periodicodelcamino.com, em www.periodicodelcamino.com/se-publica-en-brasil-un-magnifico-diario-de-peregrinos-centrado-en-el-camino-ingles/, que também transcrevo abaixo:

“Publicado en Brasil un magnífico diario de peregrinos del Camino Inglés

23/06/2017 19:05

El periodista brasileño Luiz Carlos Ferraz acaba de publicar en su país la guía “Juntos no Caminho de Santiago, As pedras do Caminho Inglés”, un tradicional relato de peregrinación muy bien impreso, con magníficas fotos (de su mujer, Sandra Luzia Netto) y con una maquetación que recuerda a los libros antiguos. En sentido estricto, y aunque el primer ejemplar no llegó a España hasta junio de este año, fue la primera guía publica del Camino Inglés, anterior por muy pocas semanas a la que sacó a la calle el Ayuntamiento de Oroso. La peregrinación de este periodista y su esposa comenzó en Londres el año pasado, la sexta para él y la primera para ella. Luiz Carlos Ferraz lo explica así:
“Após alguns meses de pesquisas, chegamos ao consenso de que a viagem por mar, de algum porta do Inglaterra, por medio de um moderno fery boat - e sob a ameaça de eventuais desconfortos - nao seria tao interesante quanto viajar por terra. Em vez de água, água e água, o roteiro mediante a travessí de França e Espanha seria máis atrativo para podermos apreciar os valores culturais, artísticos, arqueitetónicos existentes nas cidades.
Assim, ao elegermos um ponto emblemático inicial do Caminho Inglés, começariamos em Londres (no hicieron todo el trayecto previo a pie, sino que lo combinaron con el tren y el autobús), em algum lugar da capital británica, e daí seguiríamos para París, com ánimo de fazer todo o trajeto por terra. Mais, como caminhar a pé os cerca de 2.000 quilómetros até Compostela? Seriam necessários, talvez, mais de 100 días!”.
Los capítulos del libro llevan día y hora (empezando por las reflexiones posteriores al inicio del viaje, aún en Brasil), convirtiéndose el texto así en un auténtico diario. Un mapa (página 24) describe con exactitud el itinerario, que en España abarca el Camino del Norte para desviarse en determinado momento y dirigirse a Ferrol para acometer el Inglés.
“Chegamos de trem a Ferrol na manha de 13 de junho prevendo permanecer dois dias na terra natal do ditador Francisco Franco para nos prepararmos a nossa peregrinaçao a pé até Compostela. Vamos caminhar os cerca de 120 quilómetros de itinerário em sete dias”.
No se queja de la señalización (“Os sinais do Caminho de Santiago sao muitos nas ruas de Ferrol”) y sella su credencial en la Concatedral de Ferrol, y asegura que “os relatos que se seguem revelam sentimentos, dúvidas, certezas…, e foram escritos no calor da peregrinaçao pelo Caminho Inglés, de Ferrol a Santiago de Compostela, durante sete dias, de 15 a 21 de junho de 2016”, según reconoce el autor.
En suma, un volumen con un gran valor actual pero que se irá incrementando con el paso de los años, y, desde luego, el mejor relato de peregrinación que se ha escrito y publicado hasta la fecha sobre el Camino Inglés.
El autor mantiene activo un blog sobre las peregrinaciones”.

Sem palavras. Obrigado, Cristóbal Ramírez!
Buen Camino!

#pedrasdocaminho

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Qualquer semelhança é...

Site da revista Veja com a notícia estrambólica...

Site da Archicofradía Universal del Apóstol Santiago...

Passo 1 – Já havia acessado a página da revista Veja para ler e reler e não acreditar no que estava lendo. O “Caminho de Santiago no Brasil”! Não pode ser. Mas estava lá, e no site de uma das principais revistas do país...
Passo 2 – Na Espanha, ao perseguir rastros da iniciativa me deparei com a Archicofradía Universal del Apóstol Santiago. Fui até sua sala, no prédio onde funciona uma agência dos Correios, a Oficina de Peregrinaciones da Catedral etc. e conversei com a funcionária, que me deu informações, algumas valiosas, outras nem tanto. Uma delas o endereço do site da entidade, que visitei, revisitei e nada encontrei...
Hoje, num lapso, as imagens dos sites se chocaram nas minhas reflexões sobre o que teria motivado a despropositada iniciativa de se criar um “Caminho de Santiago no Brasil”... A imagem da Catedral de Santiago de Compostela, numa foto preto e branco, antiga, talvez de 2008 ou 2009, 2010..., quando ainda não havia sido iniciado o processo de recuperação de sua fachada.
Qual a ligação entre a revista e a entidade?
Para quem defende a hipótese da Teoria da Conspiração, repare na esdrúxula divulgação do improvável "Caminho de Santiago no Brasil" no site da revista Veja (http://veja.abril.com.br/…/floripa-ganha-primeiro-trecho-d…/), e confira a página principal do site da Archicofradía Universal del Apóstol Santiago (http://archicofradia.org/)...
Para os teoristas de plantão, quem sabe, um prato cheio!
Buen Camino!

https://www.facebook.com/CebolaFerraz
#pedrasdocaminho

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Farsa em Santa Catarina...

Caminho Francês a Santiago de Compostela: Patrimônio da Humanidade

Primeiro foi o site Veja.com ao anunciar que “Floripa ganha primeiro trecho do Caminho de Santiago na América”. Depois um jornal local, a Hora de Santa Catarina, sentenciou: “Florianópolis entra na rota oficial do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha”.
Apenas falta de informação? Má fé? Não importa, por ora... O autor da estultice vendeu sua ideia e o clero de Santa Catarina, assim como dirigentes da entidade de peregrinos do Estado e autoridades entraram de gaiatos. Do outro lado do Atlântico, o Plan Xacobeo, responsável pela gestão do formidável patrimônio do Caminho de Santiago na Galícia – um bem declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco!!! – foi pego de surpresa.
Em recente visita a Santiago de Compostela, entrevistei o diretor gerente da S.A. de Xéstion do Plan Xacobeo, Rafael Sánchez Bargiela, que – assim como toda a Espanha – está indignado: “Não estamos de acordo com isso. O Caminho de Santiago é um caminho histórico, portanto, um caminho que busca recuperar as rotas que os peregrinos fizeram na Idade Média. E na Idade Média não havia peregrinos jacobeos no Brasil”.
Leia a matéria completa abaixo e também no jornal Perspectiva, em http://jornalperspectiva.com.br/caminho-de-santiago/o-caminho-nao-esta-no-brasil/
#pedrasdocaminho

O Caminho de Santiago não está no Brasil!

Luiz Carlos Ferraz

É óbvio que o Caminho de Santiago não está no Brasil. Afinal, como se sabe, trata-se de uma rota de peregrinação cristã desenvolvida a partir do século IX, após o achado do sepulcro do Apóstolo de Jesus, Tiago Maior, na Galícia, Espanha. Hoje, alguns itinerários do Caminho na Europa estão reconhecidos como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
O Brasil não faz parte desse universo. Tiago Maior nunca esteve no Brasil e sua adoração não fomentou aqui, ao longo da história, qualquer rota de peregrinação às suas relíquias.
Assim, foi com surpresa e indignação que autoridades da Galícia reagiram a notícias divulgadas por veículos de comunicação daqui de que o Caminho de Santiago está no Brasil, numa trilha em Santa Catarina.
“Não estamos de acordo com isso”, afirma Rafael Sánchez Bargiela, diretor gerente da S.A. de Xéstion do Plan Xacobeo, a empresa responsável pela gestão do Caminho de Santiago na Galícia: “O Caminho de Santiago é um caminho histórico, portanto, um caminho que busca recuperar as rotas que os peregrinos fizeram na Idade Média. E na Idade Média não havia peregrinos jacobeos no Brasil”.
Ele recorda que esteve em Maceió, há alguns anos, num encontro de associações de amigos de peregrinos no Brasil, quando foi informado que no país há trilhas preparatórias para o Caminho de Santiago. “Tudo bem”, concorda Bargiela: “Mas sobre esta iniciativa que se promove em Santa Catarina estamos completamente em desacordo. Quem divulga isso não pode utilizar a denominação de Caminho de Santiago, pois um dos elementos que identifica o Caminho de Santiago é a identidade história”.
Não seria o caso de haver uma manifestação oficial do Plan Xacobeo e da Catedral de Compostela para alertar os desavisados?
“Tenho pendente uma reunião com a Catedral para falar deste tema”, sinalizou-me Bargiela, em junho: “Também tivemos uma consulta da Embaixada da Espanha em Brasil e dissemos o mesmo: que isto não se pode chamar de Caminho de Santiago e que não estamos de acordo com essa divulgação”.
A polêmica foi criada após o Cabildo da Catedral de Santiago de Compostela (*) divulgar comunicado em 22 de dezembro de 2016 referente à emissão do certificado de peregrinação, denominado Compostela, aos peregrinos do Caminho Inglês. Até então, a regra geral determinava que o documento só é emitido ao peregrino que caminhar os últimos 100 quilômetros até Santiago de Compostela. Ocorre que o Caminho Inglês tem dois pontos emblemáticos de início: Ferrol, que dista 120 quilômetros de Compostela, e A Coruña, a apenas 80 quilômetros. Com a nova regra, abriu-se a exceção para ser concedido o documento a quem inicia a peregrinação em A Coruña. Para isso, os 20 quilômetros restantes deverão ser feitos no país ou região de origem do peregrino – já que o morador de A Coruña está dispensado deste complemento.
D. Segundo Leonardo Pérez López, Deão presidente da Catedral de Santiago de Compostela, frisa que a decisão é clara e só aplicável ao Caminho Inglês desde A Coruña.
Este é o comunicado assinado por D. Segundo, no original:
“Vista la petición de varias Asociaciones Extranjeras, Cofradías, la Asociación Gallega de Amigos del Camino de Santiago, así como el Concello de A Coruña y varias Instituciones jacobeas, para que se conceda la Compostela a los peregrinos que parten de la ciudad herculina en peregrinación al sepulcro del glorioso Apóstol Santiago, se acuerda, con el Vº Bº del Sr. Arzobispo, que se pueda expedir dicho documento a los siguientes peregrinos:
- Dada la tradición, históricamente documentada, de la llegada de numerosos peregrinos a través del puerto coruñés, se concede la posibilidad de obtener la Compostela a aquellos que, habiendo hecho parte del Camino en sus países o regiones de origen, hagan a pie la distancia que separa el puerto de A Coruña de la Catedral Compostelana.
- Asimismo, a los habitantes de la ciudad de A Coruña y sus alrededores que, devotionis causa, visiten los espacios jacobeos de su ciudad, y hagan el resto de la peregrinación a pie hasta el sepulcro del Apóstol Santiago.
- En lo referente a los peregrinos o caminantes que no reúnan estas condiciones, podrán recibir, sin embargo, el documento acreditativo de haber visitado la Catedral y el sepulcro del Apóstol Santiago”.
Embora não pareça justa a distinção entre o peregrino habitante de A Coruña e o estrangeiro (ou morador de outra região da Espanha), a questão é que os 20 quilômetros complementares exigidos do estrangeiro podem ser realizados em qualquer lugar e mediante algum tipo de comprovação – que o próprio comunicado não especifica –, o que está a exigir a mobilização das associações de amigos do Caminho de Santiago existentes em diferentes países do planeta. Daí a afirmar que se estará fazendo o Caminho de Santiago é descarado oportunismo.

(*) O Cabildo da Catedral de Santiago é um colegiado de sacerdotes que exercem, em comunhão com o Arcebispo e a Igreja, o ministério sacerdotal na Catedral e que tem como função singular a guarda das relíquias do apóstolo Santiago. Presidido pelo Deão D. Segundo Leonardo Pérez López, o Cabildo é formado por Juan Filgueiras Fernández, José Fernández Lago, Manuel Silva Vaamonde, Antonio Suárez Carneiro, Ramiro Calvo Otero, Víctor Benedicto Maroño Pena, Salvador Domato Búa, Luis Otero Outes, Daniel Carlos Lorenzo Santos e Elisardo Temperan Villaverde, e pelos eméritos Celestino Pérez de la Prieta, José María Díaz Fernández, Alejandro Barral Iglesias, Manuel Gesto García e Manuel Calvo Tojo.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Tormenta no Caminho Lebaniego

Tempo fechou na travessia do Collado de Arceón

Momento crucial de minha recente peregrinação pelo Caminho Lebaniego – uma rota tangencial do Caminho de Santiago de Compostela  enfrentei no quarto dia, quando fui surpreendido por uma tormenta na travessia do Collado de Arceón...
A etapa iniciou em Cicera e encerraria em Cabañes. Mas acabei esticando até Potes, ficando a apenas cerca de 3 quilômetros do Monastério Santo Toríbio de Liébana, onde é guardada a lignum crucis...
Alerto que ainda estou digerindo todo o aprendizado conquistado em mais esta peregrinação pelo universo jacobeo. Aos poucos revelarei tudo, ou quase tudo que aconteceu nos 15 dias de junho que estive na Espanha, pesquisando e me aprofundando na mística do Caminho de Santiago de Compostela.
Buen Camino!
www.facebook.com/CebolaFerraz

#pedrasdocaminho

sábado, 3 de junho de 2017

Xuntos no Camiño Inglés

Marco do Caminho Inglês no Concello de Oroso

Este é o artigo que escrevi especialmente para o II Certame Internacional de Investigación do Camiño Inglés, sob o título “Xuntos no Camiño Inglés, desde Londres...”, e que me premiou com a segunda colocação na modalidade Peregrinos. A inscrição exigia que fosse escrito em galego, espanhol ou inglês. Redigi em português e, com a ajuda do Dr. Google, preparei a versão em galego. Desde já me penitencio por eventuais erros, que, ainda que flagrantes, não devem ter sido considerados pela organização. Para mim foi uma honra participar do concurso e uma grande felicidade ter meu trabalho reconhecido. O texto é uma versão resumida do livro "Juntos no Caminho de Santiago, as pedras do Caminho Inglês", cuja edição tem 140 páginas e é ilustrado com 100 fotos coloridas, e que foi lançado em 22 de abril passado na Igreja Anglicana de Santos. Boa leitura!
Buen Camino!

Unha cuestión que sempre me intriga nos guías impresos ou virtuais que abordan o universo Xacobeo é o feito de que o Camiño Inglés levar unha contradición implícita, cal sexa, ser presentado como o único a ser peregrinado totalmente en Galicia. Como así? O tradicional Camiño Francés, como o nome suxire, ten o seu inicio emblemático en Saint Jean Pied de Port, en Francia. Xa o Camiño Portugués pode ser realizado desde Lisboa, a capital de Portugal, aínda que preferentemente peregrina-lo dende o Porto. Agora, o Camiño Inglés, sosteñen os guías especializados, comeza en España, en A Coruña ou Ferrol...
Non, non e non, pasei a pensar comigo mesmo: o Camiño Inglés hai de ter o seu punto de partida na Inglaterra, como a historia rexistra unhas famosas peregrinacións da Idade Media e como está inmortalizado no poema medieval inglés "The pylgrims 'sea voyage and sea Sickness". De autoría descoñecida, debe ser escrito en 1445 ou os primeiros anos da segunda metade do século XV, segundo arriscan algúns investigadores.
Revela a primeira estrofa do poema:
Men may leue alle gamys
That saylen to seynt Jamys!
For many a man hit gramys,
When they begyn to sayle.
For when they hauve take the see,
At Sandwyche, or at Wynchylsee.
At Brystow, or where that hit bee.
Theyr hertes begyn to fayle.
A estrofa foi traducida polo profesor español Pedro Jesús Marcos, que buscou respectar a literalidade do texto:
¡Pasajeros, olvidaos de toda diversión!,
Pues muchos de los que van a Santiago
empiezan a sentirse mal,
nada más comenzar a navegar.
Tan pronto se hacen a la mar,
ya sea desde Sandwyche o desde Wynchylsee,
desde Brystow o desde dondequiera que sea,
empiezan a desfallecer.
Ao decidir peregrinar o Camiño Inglés procurei levar "ao pé da letra" o ánimo dos peregrinos medievais. Sabía que non sería unha tarefa fácil e ao buscar en Google enumerei algunhas dificultades. O primeiro, a falta dunha ruta marítima viable dalgún porto británico, como Sandwich, Londres, Plymouth, Bristol, ou mesmo de Irlanda, como Galway, ata o litoral de Galicia. Despois, no caso de adoptar un traxecto terrestre, a considerable distancia de máis de 2.000 quilómetros. É dicir, se me dispuxese a andar unha media de 20 quilómetros diarios, serían necesarios polo menos 100 días!
Non, unha camiñada non sería posible, aínda máis tendo en conta que, aínda que esta fose a miña sexta peregrinación ás reliquias do Apóstolo Santiago Maior, que descansan na cripta da Catedral de Compostela, estaría acompañado miña muller Sandra, que faría a súa estrea na mística do camiño. Tecendo esas consideracións, no canto de irmos para A Coruña ou Ferrol, embarcamos do Brasil a Londres para resgatarmos a inusitada ruta de peregrinación.
Londres garda numerosos segredos de Saint James, como se chama Santiago na lingua inglesa. É emocionante, por exemplo, pasear polo encanto parque co seu nome, camiñar na rúa dedicada ao Apóstolo de Xesús e, de forma especial, adentrar en Saint James Church de West Hampstead.
En que pese posibles diferenzas entre a Igrexa Anglicana, creada no século XVI, ea Igrexa Católica, hoxe cada vez máis unha parte significativa de adeptos de ambas busca os puntos en común entre as dúas teologias.
Saint James Church de West Hampstead ocupa un edificio data de 1606 e amosa na súa fachada unha imaxe de Xesús crucificado. Participamos da misa aos pés dunha imaxe de Saint James, a esclavina sobre a túnica mostrando unha cuncha de vieira, unha man sostendo o cajado ea outra abrazando o Evanxeo. A lectura dun dos himnos pareceu ser unha mensaxe para nós:
“GUIDE me, O thou great Redeemer,
Pilgrim through this barren land:
I am weak, but thou art mighty,
Hold me with thy powerful hand:
Bread of heaven,
Feed me till I want no more”.
Ou, en tradución libre:
"Guía-ME, o gran Redentor,
Peregrino a través desta terra estéril:
Eu son débil, pero ti es poderoso,
Manteña-me coa súa poderosa man:
Pan do ceo,
Alimente-me até non querer máis".
En Saint James Church de West Hampstead poñemos a primeira marca en nosas credenciais de peregrino. Na falta dun selo, como é tradicional no Camiño de Santiago, o reverendo Ross Hutchinson fixo unha declaración de propio puño e atestou a nosa presenza na misa. Foron momentos máxicos que nos deron forza e convicción de que estabamos no camiño correcto.
En fin, afastada a hipótese adotarmos o Camiño por mar – e moito menos seguimos camiñando ata Compostela –, tomamos o tren para París para posicionarmos no punto máis emblemático da Vía Turonensis – un dos catro itinerarios que cortan a Francia (os outros son a Vía Lemovicensis, a Vía Podiensis ea Vía Tolosana) e que se atopan en Saint Jean Pied de Port para xuntos seguiren a Compostela co nome de Camiño Francés.
A Vía Turonensis é citada no primeiro capítulo do libro V do Codex Calixtinus – a fenomenal compilación de textos sobre o Camiño de Santiago, datada do século XII. En París, a Turonensis inicia na Torre de Santiago, vestixio da igrexa medieval de Saint-Jacques-de-la-Boucherie, e pasa por Orleans, Tours, Poitiers, Bordeaux...
Construída no século XVI, no estilo gótico Flamboyant, a Torre de Santiago está situada no centro dun parque e as estatuas existentes nos seus catro cantos, feitas por Rault, en 1523, representan Tiago Maior e tres animais que simbolizan os evanxelistas: a aguia, San Xoán; o boi, Lucas, eo león, San Marcos.
Aínda en París, visitamos e selamos nosas credenciais na Église Saint Louis en l'Île, consagrada a San Luís, rei de Francia como Luís IX (1226 a 1270). Entre tantas imaxes, atopamos a de "SCS. Xacobeos-Zeb", é dicir, Saint Jacques, Tiago Maior, fillo de Zebedeo, representado como peregrino, sostendo o cajado nunha das mans e tendo cunchas de vieira decorada seu manto.
De París, seguimos de tren para Tours e encontramos a cidade en festa, celebrando o jubileu do 1.700º aniversario de nacemento de Saint Martin (316-2016), o terceiro bispo de Tours, entre os anos de 371 a 397.
Tours foi capital do reino de Francia nos séculos XV e XVI e é paso do peregrino que utiliza a Vía Turonensis. Estivemos na Catedral de Saint Gatien, de estilo gótico, construída entre os séculos XII e XVI, e no Musée du Compagnonnage, confraría do século XV, situado á beira da Igrexa Saint Julien.
Pasamos pola Colegiata Saint Martin e chegamos por fin na Basílica de Saint Martin. A primeira construción da basílica data do século V. Despois selar nosas credenciais avistamos a imaxe de pedra de Saint Jacques, representando o apóstolo, usando un sombreiro de abas anchas con detalle dunha cuncha de vieira e tendo ás mans do Evanxeo.
Nosa parada seguinte na Vía Turonensis foi Bordeaux, onde fomos de autobús. Coñecemos a Basílica de Saint Michael, que é patrimonio mundial, cultural e natural, no marco do "Les chemins de Saint-Jacques-de-Compostelle (Vía Turonensis) En France", segundo declaración da Unesco, a Organización das Nacións Unidas para a Educación, a Ciencia ea Cultura. Foi edificada nos séculos XV e XVI no lugar dunha igrexa románica construída polos abades de Santa Cruz, que foi erguida sobre os restos dun santuario cristián carolíngeo. O gran edificio posúe 17 capelas, entre as cales unha dedicada a Saint Jacques.
Moitos son os signos da presenza de Santiago no interior da Basílica, como na estupenda Chapelle Saint-Jacques, onde é posible contemplar unha imaxe do Apóstolo.
Seguimos a santuario Primatiale Saint-André, a Catedral de Saint-André, onde o gran portal destaca-se Santiago, representado coa cuncha de vieira no seu bornal.
Rematada a travesía de Francia ingressamos en España de autobús, alcanzando Santander, en Cantabria, paso obrigatoria dos peregrinos do Camiño do Norte. Este camiño ten inicio en Irún, na fronteira con Francia, e ata Compostela suma preto de 850 quilómetros, 550 dos cales pola Costa Cantábrica, ata Ribadeo, en Asturias. Despois converxe á Arzúa, en Galicia, para atoparse co Camiño Francés e seguir un só a Compostela.
Visitamos o Albergue de Peregrinos Santos Mártires e durante encontro cos hospitaleiros tivemos a oportunidade de expoñer o noso proxecto de Camiño Inglés e selar as nosas credenciais.
Finalmente, en tren, chegamos a Ferrol, en Galicia, a terra natal do ditador Francisco Franco, que escollemos para iniciar a nosa efectiva peregrinación a pé ata Compostela. Poderiamos optar por A Coruña, pero o traxecto da romana Portus Magnus Artabrorum, ou o gran porto do Golfo Ártabro, ata o sepulcro do Apóstolo de Xesús non chega a 100 quilómetros, o que non nos daría dereito a obter a Compostela.
Os indicios do Camiño de Santiago son moitos nas rúas de Ferrol. Cunchas de vieira – en azulexos nas cores azul e amarelo, cravados en marcos de pedra, ou en placas de bronce no chan –, frechas amarelas nas paredes... Seguimos na dirección do peirao de Curuxeiras, indicado como o punto cero do Camiño, onde está o monolito de pedra co escudo de Galicia ea placa de bronce coa inscrición "Camino de Santiago Camino Inglés". Alí preto funcionou ata 1780, o Hospital de Peregrinos do Espírito Santo, destinado a pobres e enfermos.
Baixo unha choiva intermitente, ora fina, ora con pingos grosos e ventoso, camiñamos de Ferrol a Neda, o obxectivo da nosa primeira etapa. Un percorrido de 15 quilómetros, ao longo da Ría de Ferrol, que é marcada por instalacións militares da cidade portuaria, un polígono industrial e unha secuencia de pequenos aglomerados urbanos, pueblos, e rechea de edificios relixiosos medievais. Un deles, case ao final de 9 quilómetros de sendeirismo, é o mosteiro de San Martiño de Xubia, que conserva unha igrexa románica de tres naves da primeira metade do século XII, período no que pasou a ser un priorado da Abadía de Cluny.
En medio a ese contexto magnífico, e tendo en conta aínda que cada Camiño é un camiño, polo tanto, a súa identidade e peculiaridades, a marca deste, con absoluta certeza, é a presenza de miña esposa Sandra. A diferenza que iso fai é inmensa. Non só pola compañía, pero por ser exactamente ela que sempre quixo ter ao meu lado desde a primeira peregrinación en 2009.
O segundo día de peregrinación, recibimos a visita da nosa amiga santiaguense Carmen Vázquez Nolasco, que veu de Compostela, a uns 100 quilómetros de distancia, para camiñar connosco esta etapa, con 16 quilómetros, de Neda ata Pontedeume.
Iniciamos nosos pasos co Camiño mollado pola garoa da madrugada. Tras atravesarmos pasarelas de madeira sobre o río Belelle e as súas áreas de mangue, avistamos a Igrexa de Santa María. O inicio de construción é de 1720 sobre unha edificación anterior, posiblemente do século X. Xoia do barroco rural, a atopamos pechada e non puidemos admirar a escultura gótica que garda, denominada "Cristo de la Cadena", de estilo Tudor, cuxa tradición relata que chegou a Neda en 1550 a bordo dunha embarcación británica, fuxindo da persecución da Igrexa Anglicana.
Seguimos por rutas que cruzan pequenos pobos, bosques e zonas reflorestadas, con subidas e baixadas suaves, e chegamos á Playa de la Magdalena, no Concello de Cabanas. Chovía fino. Tras atravesarmos a ponte sobre o río Eume, que desemboca na ría de Ares, chegamos a Pontedeume, a cidade famosa polos feitos da Familia Andrade.
Por un instante estivemos apreciado a actual ponte de 850 metros que dá nome á cidade. Con 15 arcos, foi construída entre 1863 e 1870 e remodelada entre 1884 e 1888. A gótica orixinal foi mandada construír por Fernán Pérez de Andrade, o Bo, entre 1380 e 1386, e chegou a ter 78 arcos, ademais de albergar dúas torres, unha capela e un hospital para peregrinos.
A terceira etapa da nosa peregrinación, de Pontedeume a Betanzos, con preto de 21 quilómetros, foi desas que todo peregrino persegue en soño. Non houbo, por exemplo, a necesidade de camiñar en medio a vehículos. Como moito, o itinerario implica estreitas vías que unen pueblos esparsos e perdidos no tempo, sempre ofrecendo a contemplación de igrexas e edificios medievais, todo circundado por bosques perfumado repletos de paxaros.
Pouco antes de chegar a Miño nos detivemos na ponte sobre o río Baxoi, cuxa construción consta ser do século XIV, por iniciativa Fernán Pérez de Andrade.
Tras Miño, atopamos a Igrexa San Pantaleón das Viñas, que conserva o seu fermoso portal románico. Seguimos o Camiño, atravesando bosques e propiedades esparsas, na rexión do primitivo núcleo de Betanzos, e chegamos á Igrexa San Martiño de Tiobre, románica do século IX, que consta ser consagrada no século XII polo primeiro arcebispo de Santiago, don Diego Xelmírez.
Ao final desta etapa, tras atravesarmos a ponte sobre o río Mandeo, chegamos a Betanzos, a sorprendernos co seu patrimonio arquitectónico, artístico e cultural, que revelan a importancia da cidade galega.
O fantástico casco histórico de Betanzos conserva edificios cuxa arquitectura é referencia en España, xa que reflicten un período de vigor en Galicia. Fundamental ao peregrino é que xunto a estas construcións, tamén ocupando un antigo edificio restaurado, está ben equipado Albergue de Peregrinos "Casa da Pescadería", mantido pola Xunta de Galicia. A localización facilita gozar a beleza das construcións – aínda que, na maior parte das veces, só das fachadas, pois o horario de apertura non sempre coincide co final da peregrinación diaria.
Tivemos a oportunidade de coñecer o interior da igrexa de Santa María de Azougue, erguida durante os séculos XIV-XV. Esta igrexa, xunto coa de Santiago, edificada nos séculos XIV-XV sobre unha estrutura románica anterior, ea de San Francisco, orixinariamente construída no século XIV, son exemplos do gótico galego e conservan numerosos sarcófagos no seu interior.
Para que non sexa desprezada a xeografía da cuarta etapa da nosa peregrinación, de Betanzos a Presedo, con raquíticos 11,8 quilómetros, rizo que o tramo posúe todas as características que fixeron o esplendor da anterior. É dicir, aínda que moito máis curta, houbo preciosos momentos de bosques perfumado, pueblos, a Igrexa de San Esteban de Cos – onde o movemento era grande, por conta dun velorio. Descansamos no albergue de Presedo e puidemos avaliar que, aínda curta, a etapa tamén se chea de subidas e baixadas, unha auténtica rompe piernas.
Nosa quinta etapa do Camiño Inglés – de Presedo a Hospital de Bruma, con 15,1 quilómetros –, tamén debe ser elevada ao status dunha rompe piernas. Ao final, entre subidas e baixadas, tras 7 quilómetros desde Presedo, fomos regalados nun tramo de 2 quilómetros cunha subida, de 147 a 454 metros – de feito, o punto máis alto do Camiño inglés!
Afortunadamente, como as dúas anteriores, enfrontamos ben este paso, felices unha vez coa compañía da amiga Carmen Vázquez Nolasco, que aínda trouxo ao Camiño ao querido pai Lizardo, que en poucos días completaría 75 anos e nos sorprendeu co seu vitalidade. Viva Santiago!
A sexta e penúltima etapa do noso Camiño Inglés, entre Hospital de Bruma e Sigüeiro, levounos ao encontro do que tanto buscamos ao decidimos afrontar este reto. Ao final, moito máis do que unha viaxe física, marcada polo esforzo de camiñar quilómetros por paisaxes fascinantes, a peregrinación nos proporciona unha viaxe espiritual, mística, a un encontro interior, consigo mesmo. Podo dicir que, tanto para min como para Sandra, a comprensión é que se trata de oportunidade única para reafirmarmos nosas conviccións, sobre o que somos eo que queremos para nós e para os que nos son queridos; e, por suposto, intentamos comprender e entender este amor que nos une e nos anima a vivir.
No contexto dunha peregrinación que evoluciona en etapas, desde os nosos primeiros pasos en Ferrol – ou antes, ao desembarcarmos en Londres, para conectarmos co pensamento dos peregrinos medievais que alí iniciaban o Camiño Inglés; ou aínda, ao nos despedirmos do Brasil –, a liña do tempo da sexta etapa tivo seu inicio ao deixarmos o albergue público de Hospital de Bruma. Foi unha etapa ancha, con máis de 25 quilómetros e que durou case sete horas. O tramo final, todo asfaltado, foi camiñado baixo sol forte.
En Sigüeiro, ao optamos polo albergue particular de Delia, nos surpreendemos aínda máis. O albergue é referencia no Camiño Inglés. Fomos acollidos pola hospitalario Maria José, a Pepa, que é filla da señora que dá nome ao establecemento. E que hospitalario! Ela asume o seu papel e fai valer a máxima do Camiño, de que "peregrino non pide, peregrino agradece". E no albergue de Delia, o peregrino non precisa pedir, basta só gracias a Pepa, que coida de todo. Das súas roupas, o seu ánimo, as súas burbullas...
Ao final da tarde, cando o albergue xa estaba todo ocupado, Pepa reuniu os peregrinos para un bate papo. Fixo unha breve charla sobre o Camiño de Santiago, contou curiosidades e sacou dúbidas. Ao final, tras ofrecer exemplar do mapa de Compostela, indicou locais pintorescos e imperdíveis da Cidade Santa, é dicir, fixo de todo para facilitar e coroar de pleno éxito o final da peregrinación.
Durante o encontro, fomos sensibilizados coa presenza do xornalista Cristóbal Ramírez, que, sabendo da nosa chegada en Sigüeiro, chamou Pepa e veu ao noso encontro. Entusiasta do Camiño Inglés, Ramirez fixo unha pequena exposición aos peregrinos sobre os esforzos dos amigos do Camiño, en colaboración coa Xunta de Galicia e os gobernos municipais, para mellorar aínda máis a infraestrutura da tradicional ruta.
O día seguinte, a peregrinación polos últimos 16,5 quilómetros, de Sigüeiro a Compostela, foi pura emoción. Todo ben que neste tramo o Camiño está invadido polo polígono industrial, en fin, o desenvolvemento urbano, pero facer o que? A vontade de chegar é maior... Tras atravesarmos a Praza da Paz, ingressamos no Campo de Pastoriza, logo a Rúa Basquiños, Rúa de Santa Clara, onde está o Convento de Santa Clara, nun edificio barroco do século XVII. Seguimos pola Rúa dos Loureiros, Rúa Porta da Pena e avistamos a igrexa do Mosteiro de San Martiño Pinario, o enorme edificio construído entre os séculos XVI e XVIII. Alcanzamos a Rúa da Acibechería, que dá nome a unha das entradas da magnífica Catedral de Compostela.
Felicidade total por completar a peregrinación do Camiño Inglés – por primeira vez en compañía de miña querida Sandra. Non sei se camiñamos ou flutuamos neses últimos pasos ata a Praza do Obradoiro, onde o movemento de peregrinos é intenso e alí somos só dous; dous peregrinos como millóns de peregrinos que nos últimos 12 séculos veneran o apóstolo de Xesús, Santiago Maior.
No medio da confraternización de todos pola conquista, agradecemos aos pés da Catedral as bendicións recibidas durante os sete días de peregrinación, 120 quilómetros desde Ferrol, ou moito máis desde Londres..., con saúde, moita cousa boa se concretando, coñecendo xente incribles de varias partes do planeta, contemplando paisaxes inesquecibles.
Grazas, grazas, grazas!
Miramos un para o outro e emoción é intensa. Nos abrazamos, nos bicos, agradecemos: si, podemos! Por algún tempo estivemos no centro da Obradoiro, cos pés fincados no marco cero, apreciado a fachada da Catedral. Fermosa, ela está a ser restaurada e quedará aínda máis fermosa. Non se pode afastarse do escenario. E seguen a chegar máis peregrinos, a pé, en bicicleta, en excursión... Damos algúns pasos e sentamos no chan, encostados nunha das columnas do Palacio de Raxoi, onde funciona a Casa do Concello e do Goberno da Xunta de Galicia, un fermoso edificio de estilo neoclásico de finais do século XVIII.
Temos que completar o ritual da peregrinación. Seguimos para as novas instalacións do Taller de Peregrinaciones da Catedral de Santiago, onde nos enfrontamos unha enorme cola para selarmos nosas credenciais e recibimos a Compostela, que certifica a nosa peregrinación. O meu nome é grafado Ludovicum Carolum Ferraz eo de Sandra, Alexandram Luciam Netto.
Si, somos outros, renovados, purificados...
Volvemos á Catedral e dirixímonos á Porta da Misericordia, que foi aberta todo en 2016, neste Ano Santo Extraordinario decretado polo Papa Francisco. Momento de pedir perdón polos nosos erros, grazas todas as bendicións proporcionadas polo incondicional amor de Deus e, de forma especial, gracias a todos os que reservaron un pouco do seu tempo para seguir polas redes sociais, para que tamén sexan bendicidos polo noso querido Apóstolo.
Seguimos o ritual e, pasando por tras do altar maior, damos un forte abrazo na imaxe de Santiago. Descendemos á cripta baixo o altar maior e, ante as reliquias do Apóstolo, oramos. Na Misa do Peregrino, coa Catedral lotada eo espectáculo do botafumeiro, o Evanxeo do día honrou Mateo 7:17-20.
17. Toda árbore boa dá bos froitos; toda árbore mala dá malos froitos.
18. Unha árbore boa non pode dar malos froitos; nin unha árbore mala, bos froitos.
19. Toda árbore que non dá bos froitos será cortada e lanzada ao lume.
20. Polos seus froitos os conhecereis.

Buen Camino!

#pedrasdocaminho