Com Sandra e Carmen, chegando a Pontedeume:
alegria em rever
e peregrinar com nossa amiga
Desde
que convenci minha Sandra a peregrinar comigo a Santiago de Compostela, tinha
certeza (?) – logo eu, um cético! – de que, apenas por isso, esta peregrinação
seria ainda mais imponderável. Pois hoje, no segundo dia de nosso Caminho
Inglês, recebemos a visita de nossa amiga santiaguense Carmen Vázquez Nolasco,
que veio de Compostela, a cerca de 100 quilômetros de distância, para
peregrinar conosco esta etapa, com cerca de 15 quilômetros, de Neda até
Pontedeume.
Havia
visto Carmen pela última vez no ano passado, ao completar o Caminho Primitivo.
A reencontrei na Plaza do Obradoiro, aos pés da Catedral de Santiago,
acompanhada da sobrinha e afilhada Maria. Foi um momento mágico, pois, ao mesmo
tempo, também reencontrei duas peregrinas lituanas que conheci no Primitivo,
Deimante Blagniene e Bozena Bienkunska (que viria a falecer tragicamente pouco
mais de um mês após aquele dia e a quem dedico meu próximo livro, “A Última
Peregrinação”, a ser lançado em 23 de julho, na Pinacoteca Benedicto Calixto,
em Santos) –, e lá também apareceu o estimado frei franciscano Enrique Roberto
Lista García, que eu e Sandra conhecemos em 2014, ao final da travessia de
Assis a Compostela, perseguindo os passos de Francisco, em sua célebre
peregrinação de 1214. Foi em 2014 que Sandra conheceu Carmen.
Com
todos esses (poucos) detalhes que fiz questão de elencar, nem é preciso dizer
quantos filmes passaram na minha cabeça ao reencontrar Carmen... Hoje, nas cinco
horas de peregrinação que estivemos juntos tive a oportunidade de reviver
muitos deles, reforçando nossos laços de amizade, que vão um pouco além disso e
me fazem considerá-la a irmã que não tenho e que me foi presenteada por
Santiago. Foi assim que a identifiquei na dedicatória do livro de “Passos do
Amor”, que resgata a citada peregrinação de Francisco a Compostela.
Conheci
Carmen num momento crucial do Caminho Sanabrês, que peregrinei em 2013 desde
Zamora, ainda na Vía de la Plata. Havia feito a opção por uma variante do
Caminho, que passa por Verín e outros pueblos
raianos da Galícia, junto a Portugal, o que alargou minha peregrinação em
alguns quilômetros, e deixei transparecer minha agonia, não só por isso mas por
outras dificuldades desse Caminho (relatadas no livro “Descobrindo novos
Caminhos”), num post do blogcomcebola.zip.net, que foi sucedido por este pedrasdocaminhodesantiago.
Pois
Carmen, que acompanhava minha peregrinação, leu e, tal como fez hoje – embora
agora o ânimo tenha sido de confraternização –, saiu de Compostela, a 200 quilômetros de distância, e foi ao meu encontro em Laza. Era noite, eu acabara de comer
um menu e retornava ao albergue sozinho. Neste primeiro encontro, Carmen me
levou remédio para as bolhas de meus pés, um par de meias de patinação, uma
caixa de biscoitos feito por monjas de Compostela, alguns dos quais
compartilhei com os peregrinos do albergue, e a cruz de Santiago que carrego
comigo.
Hoje,
mais uma vez, Carmen largou todos os seus compromissos, para nos reencontrar e celebrar
o espírito do Caminho de Santiago.
#pedrasdocaminho
Olá Luiz.
ResponderExcluirEm Zabaldika, próximo a Pamplona, na Igreja de San Esteban, recebi as Bem-Aventuranças do Peregrino. São vária, todas têm muito a haver com o espírito do Caminho, mas principalmente as abaixo:
- Bem-aventurado és, peregrino, se o que mais te preocupas não é chegar, e sim chegar com os outros;
- Bem-aventurado és, peregrino, se descobres que um passo atrás para ajudar ao outro vele mais que cem passos à frente sem olhar ao seu redor;
Vou acrescentar mais uma, que recebi de Pepe, um morador de Villoveico, na manhã do domingo de Páscoa. Quando pedi para ele carimbar minha credencial ele escreveu nela:
- Bem-aventurado és se encontras Jesus e O segues.
Buen Camino!
Buen Camino, Peregrino!
ResponderExcluir