quarta-feira, 22 de junho de 2016

Mistérios do Caminho...

Desfrutar a magia do Caminho e encontrar o que tanto se busca numa peregrinação

A evolução de nossa peregrinação pelo Caminho Inglês a Santiago de Compostela, ao completarmos ontem (na verdade, este “ontem” foi 20 de junho!!! É que, após chegar a Santiago, só agora estou tendo tempo de completar este texto...) a sexta e penúltima etapa, entre Bruma e Sigüeiro, só poderia nos levar ao encontro do que tanto buscamos ao decidirmos enfrentar este desafio. Afinal, nossa peregrinação – muito mais do que uma viagem física, marcada pelo esforço de caminhar quilômetros por paisagens fascinantes da Galícia –, nos proporciona uma viagem de reflexão, para um encontro interior. Posso dizer que tanto para mim quanto para Sandra, o entendimento é que esta é uma oportunidade única para reafirmarmos nossas convicções, sobre o que somos e o que queremos para nós e para os que nos são queridos, e, naturalmente, tentarmos entender e compreender este amor que nos une e nos anima a viver.
No contexto de uma peregrinação que evolui em etapas, desde nossos primeiros passos em Ferrol – ou antes, ao desembarcarmos em Londres, para nos conectarmos com o pensamento dos peregrinos medievais que ali iniciavam o seu Caminho Inglês; ou ainda, ao nos despedirmos do Brasil... –, a linha do tempo da sexta e reveladora etapa tem seu início ao deixarmos o albergue público de Bruma, caminharmos cerca de 25 quilômetros durante quase sete horas, e sermos acolhidos no albergue particular de Délia, sob as mãos da hospitaleira Maria José, que é filha da senhora que dá nome ao estabelecimento.
Após uma noite de descanso em Bruma, num albergue absolutamente lotado – e que não teve capacidade para acolher um grupo de jovens peregrinos que foram alojados no centro poliesportivo... –, não ao acaso, adotando nosso ritmo e princípio peregrino de “desfrutar e buscar”, fomos os penúltimos a deixar o local. Era por volta das 7h40 e uma neblina ainda cobria a rua principal da bucólica Bruma. Quem saiu antes, efetivamente, saiu no escuro. Os primeiros saíram com pequenos faróis na cabeça, podendo gerar dúvidas consequentes sobre o que desfrutar do Caminho ao peregriná-lo no escuro... Mas, enfim, cada um faz o seu Caminho...
Para mim, que somo alguma experiência por outras cinco peregrinações a pé pelos Caminhos de Santiago, e para a Sandra, que está estreando, foi uma etapa dura – não uma “rompe piernas” como as três anteriores, mas um trecho largo, muitas vezes com nossos passos sobre o asfalto de estradas vicinais; mas também belo, atravessando pueblos esquecidos e bosques perfumados – num dos quais ouvimos, pela primeira vez neste Caminho, o canto do cuco. E, ao contrário das etapas interiores, que nos presenteou com chuva e temperatura amena, desta vez sentimos na pele o sol estupendo desta Primavera galega.
Em síntese, uma perfeita integração entre este ambiente favorável e nosso ânimo peregrino, de desfrutar e buscar... Afinal, levando ao máximo a ideia de que o turista, viaja; o andarilho, anda; e o peregrino, busca!
Além de tudo, ao optarmos pelo albergue de Délia, nos surpreenderíamos ainda mais...


#pedrasdocaminho

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