Com
Sandra: mais do que uma prova de fogo
Ao contrário de uma ou outra vez em que o serviço
meteorológico não acertou, como, se bem me lembro, em 2012, quando peregrinei o
Caminho Aragonês, e, em vez de chuvas e raios, iniciei e realizei todo o trecho
de Somport a Puente la Reina sob o maravilhoso sol da Primavera, desta vez,
contudo, o serviço de clima da Espanha acertou em cheio. Bem, ao contrário de
Aragão, estou na Galícia...
Pois a previsão de chuva 100% se concretizou e nesta
quarta-feira, 15 de junho, ao iniciar... ops, iniciarmos – afinal, pela
primeira vez em minhas sete peregrinações a Compostela, estou acompanhado de
minha amada Sandra – o Caminho Inglês, chovia em Ferrol.
Não que a chuva seja um problema, pois pode até
significar o contrário. Pelo sim e pelo não, em face de eventual controvérsia –
se ela é um fator negativo ou uma benção –, não nos importamos em colocarmos a
providencial capa de chuva que trouxemos e iniciamos nossa peregrinação debaixo
do aguaceiro.
Como marco do início de nossa peregrinação, escolhemos a
Catedral de Ferrol, dedicada a São Julião, e de lá, por volta das 8h40, sob uma
chuva intermitente, ora fina, ora com pingos grossos e muito vento, caminhamos
em direção a Neda, a meta de nossa primeira etapa. Um percurso com cerca de 15
quilômetros, ao longo da ría de Ferrol, e que é marcada por instalações
militares da cidade portuária, um polígono industrial, e uma sequência de pequenos
aglomerados urbanos, os conhecidos pueblos,
e recheada de edifícios religiosos medievais.
Em meio a esse contexto inusitado, e considerando ainda
que cada Caminho é um Caminho, portanto, com sua identidade e peculiaridades, a
marca deste, com absoluta certeza, é a presença de Sandra. A diferença que isso
faz é imensa. Não só pela companhia, mas por ser exatamente ela, que sempre
quis ter ao meu lado desde a primeira peregrinação em 2009.
A minha, enfim, a nossa alegria foi uma constante neste
primeiro dia, mesmo sob debaixo de chuva – que, a bem da verdade, chegou a dar
uma trégua, com céu aberto e um sol que nos encantou... Depois de quase 5
horas, enfrentando também desvios provisórios devidos a obras de infraestrutura,
chegamos ao albergue de Neda, um equipamento da Xunta da Galícia.
Quase ao mesmo tempo chegou um casal de holandeses e,
após estarmos instalados, um casal de portugueses com um filho adolescente. Chegaram
mais quatro peregrinas: uma espanhola, uma alemã e duas tchecas...
Há momentos em que a chuva para, mas logo recomeça. Numa
dessas paradas demos uma corrida para comer, beber e comprar mantimentos para
amanhã.
Sandra está animada e inteira. Para ela, em sua primeira
peregrinação, foi mais do que uma prova de fogo...
#pedrasdocaminho
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