Fim da peregrinação: junto às relíquias do Apóstolo Tiago
Maior
Cheguei à Catedral de Compostela, junto às relíquias do Apóstolo
Tiago Maior, há 10 anos, em 4 de julho, a meta do Caminho de Santiago!!! Foi o
final da 29ª e última etapa de minha peregrinação pelo Caminho Francês, de Pedrouzo a
Santiago de Compostela, com cerca de 21,3 quilômetros. Viva Santiago!
#10yearchallenge
#pedrasdocaminho
#xacobeo2021
O texto abaixo foi publicado no primeiro livro da
trilogia Pedras do Caminho: Meu Encontro no Caminho de Santiago!
AGORA, AO FIM DO MUNDO... (*)
Engana-se
quem acredita que a peregrinação à Santiago de Compostela termina na Catedral,
após a missa das 12 horas, com aquele espetáculo do botafumeiro – inesquecível!
–, a visita à tumba do apóstolo, o abraço e o beijo à imagem atrás do altar, a
conquista da Compostela... Cada vez mais, os peregrinos continuam o Caminho a
Finisterre, no galego Fisterra, no latim Finis Terrae, ou seja ao “fim
do mundo”... É para lá que estou indo – depois da festa deste sábado em
Santiago de Compostela, com o reencontro de inúmeros peregrinos que topei no
Caminho, ora na Catedral, ora nas ruas, onde estava montada uma feira medieval,
com barracas vendendo quinquilharias alusivas ao período, a Santiago, ao
Caminho...
Finisterre é
um cabo, um acidente geográfico, que avança no Oceano Atlântico como um dedo, e
que foi considerado um lugar místico para os celtas, fenícios e romanos, que
celebravam ritos solares e de fertilidade... Diz-se que o mar é violento em
Finisterre, tanto que o Noroeste da Galícia é também conhecido como Costa da
Morte, em alusão aos naufrágios registrados – como o do petroleiro Prestige, em
2002, que causou o derramamento de mais de 70.000 toneladas de petróleo, com
prejuízos ambientais que atingiram também Portugal e França. Assim, da mesma
forma que Finisterre representou ritos de fertilidade e início, é considerado
marco para o reinício da vida renovada, após a peregrinação, visando o retorno.
Tanto que se tornou famoso o ritual do peregrino queimar suas roupas, após
devolver sua concha ao mar, e, pelado, mergulhar na água fria e ver o pôr do
Sol... Pronto, está renascido.
Vou com
calma, naturalmente... Afinal, são lendas, e lendas... são lendas. Tanto que,
enquanto dizem que o peregrino deve seguir a Finisterre a pé, acrescentando
mais 87,2 quilômetros à caminhada – o que pode ser feito em mais três etapas...
– eu vou de ônibus, ou de trem, ainda decido...
Por ora,
minha peregrinação pelo Caminho Francês, saindo de Saint Jean Pied de Port, na
França, somou 798,9 quilômetros. Isso, pelo menos, é o que garante o guia
Rother – diferente de outras fontes, que divergem e divulgam quilometragens
diferentes, ora para mais, ora para menos. Mas essa é apenas uma questão
numérica, pois o Caminho é feito por cada um, considerando as muitas opções de
parada, de acordo com a condição física e o interesse, seja ele arquitetônico,
artístico, religioso etc.
Para os
cálculos do meu Caminho adotei o guia alemão, que é objetivo e me parece mais
organizado que o espanhol, editado por El País/Aguilar. Fiz o meu Caminho em 29
etapas e as respectivas distâncias estão baseadas no Rother. A mais pedreira
foi a 21, que cumpri no dia 26 de junho, de Santa Catalina de Somoza até
Molinaseca, e que somou 39,9 km! – ou seja, quase uma maratona, que tem 42.195
metros. Já a mais leve foi a etapa 9, feita no dia 14 de junho, de Nájera até
Santo Domingo de la Calzada: só 20,6 km...
É um roteiro
possível, eis que consegui realizá-lo, bastando apenas um pouco de disciplina,
antes de dar o primeiro passo e, principalmente, durante o Caminho...
Confira as
etapas:
01 – 06/06 –
Saint Jean Pied de Port (França)/Roncesvalles (Espanha) – 24,8 km
02 – 07/06 –
Roncesvalles/Zubiri – 21,2 km (46 km)
03 – 08/06 –
Zubiri/Pamplona – 21,1 km (67,1 km)
04 – 09/06 –
Pamplona/Puente la Reina – 23,1 km (91,2 km)
05 – 10/06 –
Puente la Reina/Estella – 24 km (114,2 km)
06 – 11/06 –
Estella/Los Arcos – 21,3 km (135,5 km)
07 – 12/06 –
Los Arcos/Logroño – 28,7 km (164,2 km)
08 – 13/06 –
Logroño /Nájera – 30,7 km (194,9 km)
09 – 14/06 –
Nájera/Santo Domingo de la Calzada – 20,6 km (215,5 km)
10 – 15/06 –
Santo Domingo de la Calzada/Belorado – 23,5 km (239 km)
11 – 16/06 –
Belorado/Agés – 27,9 km (266,9 km)
12 – 17/06 –
Agés/Tardajos – 34,7 km (301,6 km)
13 – 18/06 –
Tardajos/Castrojeriz – 32,0 km (333,6 km)
14 – 19/06 –
Castrojeriz/Frómista – 25,9 km (359,5 km)
15 – 20/06 –
Frómista/Calzadilla de la Cueza – 37,3 km (396,8 km)
16 – 21/06 –
Calzadilla de la Cueza/Sahagún – 22,8 km (419,6 km)
17 – 22/06 –
Sahagún/Reliegos – 30,7 km (450,3 km)
18 – 23/06 –
Reliegos/La Virgen del Camino – 32,5 km (482,8 km)
19 – 24/06 –
La Virgen del Camino/Hospital de Órbigo – 28,7 km (511,5 km)
20 – 25/06 –
Hospital de Órbigo/Santa Catalina de Somoza – 26,6 km (538,1 km)
21 – 26/06 –
Santa Catalina de Somoza/Molinaseca – 39,9 km (578 km)
22 – 27/06 –
Molinaseca/Cacabelos – 25,1 km (603,1 km)
23 – 28/06 –
Cacabelos/O Cebreiro – 36 km (639,1 km)
24 – 29/06 –
O Cebreiro/Samos – 28,5 km (667,6 km)
25 – 30/06 –
Samos/Portomarín – 33,7 km (701,3 km)
26 – 01/07 –
Portomarín/Palas de Rei – 24,5 km (725,8 km)
27 – 02/07 –
Palas de Rei/Arzúa – 30,5 km (756,3 km)
28 – 03/07 –
Arzúa/Pedrouzo – 21,3 km (777,6 km)
29 – 04/07 –
Pedrouzo/Santiago de Compostela – 21,3 km (798,9)
(*) Hoje,
faço mea culpa sobre este entendimento, após retornar outras sete vezes a
Compostela e ter tido a experiência de peregrinar o Caminho Português (2010),
Aragonês (2012), Sanabrês (2013), Primitivo (2015) e Inglês (2016) – sem contar
o Caminho Lebaniego (2017), uma rota tangencial do Caminho de Santiago, e a
travessia, de Assis a Compostela (2014), resgatando os passos de Francisco em
sua célebre peregrinação em 1214...
NÃO! Não se
engana quem acredita que a peregrinação à Santiago de Compostela termina na
Catedral. SIM, a peregrinação à Santiago de Compostela termina na Catedral, de
joelhos junto às relíquias do Apóstolo Tiago Maior!
Buen
Camino!
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