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presente
de minha irmã Carmen, de
Santiago de Compostela
– Mas, corro o risco de me
quebrar?
– Não!
A resposta, assim mesmo seca,
peremptória, como costuma ser a troca de informações com alguns médicos – sempre
a exigir uma terceira, quarta, ou quinta opinião... –, aparentemente me
aquietou e fortaleceu em mim a convicção de que peregrinarei sim, em junho
próximo, o Caminho Primitivo, desde a Catedral de San Salvador de Oviedo, até
as relíquias do apóstolo de Jesus, Tiago o Maior, guardadas na cripta da
Catedral de Santiago de Compostela.
A resposta, é bem verdade, mais
do que simplesmente reiterou meu ânimo, considerando que há algum tempo pesquiso
e avalio as opções para, além de definir a data, traçar em quantas etapas será
o meu Caminho Primitivo. Na penúltima avaliação, levando em conta os cerca de
320 quilômetros do trajeto, estava prevendo atravessá-lo em 19 (!!!!), sim, 19
etapas, cada uma delas com minguados 16,8 km...
Agora, contudo, ao praticamente
cristalizar meu projeto, refiz os cálculos e minha pretensão é percorrer o
Caminho Primitivo em 15 etapas, cada com cerca de 21 km, o que, convenhamos, fará
uma diferença e tanto. E acho mesmo que é possível! Basta lembrar que caminhei
os mais de 420 km do Sanabrês em 16 etapas, cada uma com cerca de 26 km. Tudo
bem, mas isso foi há dois anos, em junho de 2013! O que falar então de quatro
anos antes, em 2009, quando peregrinei os 800 km do Caminho Francês em 29 dias,
com média diária de 27,5 km...
Sim, o inexorável tempo agindo
sobre o meu corpo!
Não, não vou me quebrar! Isto
também é uma questão de fé. Mas vai doer; sim, vai doer a coluna, com uma série
de complicações, e vai doer o quadril, com outras tantas... Mas nada que um bom
analgésico ou anti-inflamatório não resolva. O grande problema dessas drogas é
tomá-las em dose exagerada e de forma contínua. E não será o caso. Um
comprimido de 100 mg de aceclofenaco por dia, num lapso de 15, no máximo 20
dias, está dentro na margem de segurança. Ou não?
– O que o dr. acha? – pondero ao ortopedista
que me escuta.
– Sim! – concorda, acrescentando
de forma surpreendente: “Prefira o analgésico”.
Minha saúde, enfim, é questão
crucial que me preocupa nesses tempos em que me preparo para retornar ao
Caminho de Santiago. Uma questão que encontro tempo para aprofundar, compartilhar
com as tarefas profissionais e me dedicar à organização do evento que
acontecerá dentro de exato 1 mês (mas não 30 dias, considerando que este fevereiro
terá 28 dias...), ou de exatos 28 dias, no qual estarei reunindo irmãos, amigos,
peregrinos, parceiros, enfim, o povo em geral, para lançar mais dois livros de
minha autoria sobre o Caminho de Santiago: “Busca sem fim”, que encerra a
trilogia Pedras do Caminho, e “Descobrindo
novos Caminhos”, que dá continuidade aos relatos de minhas peregrinações pelos
Caminhos que levam a Santiago de Compostela.
“Mas não estaria de bom tamanho
lançar um livro de cada vez?”, alguém insiste em me perguntar. Talvez. Não,
acho que não. No prefácio de “Descobrindo novos Caminhos” tento esmiuçar a
questão da trilogia, da simbologia do 3, numa tentativa, talvez vã, de explicar
que o quarto volume, ao dar singela continuidade ao projeto perfeito de Pedras do Caminho, consolidado nas três
fases propostas – do encontro comigo, da espiritualidade e do conhecimento –, na
verdade não usurpa esta perfeição, mas se integra a ela e ao mesmo tempo oferece
uma nova perspectiva, um novo olhar, confirmando que sim, essa busca pelo
autoconhecimento, pela espiritualidade, pelo conhecimento... essa busca é mesmo
sem fim. Buen Camino!
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