segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Detalhes...

Como disse ontem, estou atento a sinais...

Desde já peço desculpas pela redundância, pois receio que já tenha abordado o tema..., mas a questão é que ao afirmar, no título do post anterior, que estou “atento a sinais”, não estou querendo dizer que coloco em xeque minha fé, a minha certeza, ainda que limitada, de que estou no Caminho certo (“aquele que tem coração”) e tudo acabará acontecendo da melhor forma, seja qual forma ela tiver. Com relação a isto, estou tranquilo e considero pequenos e insensatos os demônios que vez por outra tentam me importunar.

Não é o caso, portanto, de discorrer neste momento sobre o tipo de sinais que rouba minha atenção. Posso garantir, com boa dose de convicção, de que há algum tempo busco me afastar da pretensão pleiteada pelo fariseu bíblico; curiosamente, o protagonista na Palavra de hoje...

Sim, foi isto o que me surpreendeu – e talvez nem tenha me surpreendido tanto; afinal, estamos no Caminho de Santiago! Pois algumas horas após confessar que estou atento a sinais, Marcos 8,11-13 iluminou a questão.

Talvez um dia, não me recordo, já tenha clamado por atalhos, lançado desafios, enfim, duvidado. Apenas para reforçar a minha fé... Hoje, não ando atrás de tais sinais; e isto me aquieta.

Esclarecido ou não o detalhe, que não é pequeno, apresento o belo texto publicado nesta data no aplicativo Rezandovoy, de autoria do jesuíta José María R. Olaizola, e que fortalece o tom dessas reflexões:

"UN SIGNO

¿Qué más signo, Señor,

nos hace falta?

Los pobres, en su hambre,

señalan el amor como camino.

Los niños, en sus juegos,

eligen lo sencillo como escuela.

Los profetas, gritando,

reclaman tu verdad y tu justicia.

Las víctimas de guerras

aspiran a la paz como horizonte.

Los presos de un espejo

envuelven en sonrisas la tristeza.

Los ídolos de barro

sepultan bajo fango la belleza.

Los que se hacen preguntas

intuyen tu palabra en el silencio.

Los muertos, en su sueño,

piden la eternidad como respuesta.

¿Qué más signo, Señor, necesitamos,

para volver el tiempo sementera,

para apostar la vida al evangelio,

para buscar la tierra prometida,

para elegir tu senda?"

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Atento a sinais

Volume II de 100 dias no Caminho de Santiago: sem prazo

Como deve ser do seu conhecimento, e se não é, tudo bem, dou a conhecer agora, o livro Mistério em Caravaca – conforme está no post mais recente, de 19 de setembro de 2023 – foi denominado volume I sobre os meus 100 dias no Caminho de Santiago, pois me pareceu a melhor solução para apresentar as duas peregrinações realizadas em junho de 2022, na Espanha.

A primeira aconteceu no Caminho de Caravaca, desde Orihuela, em pleno Caminho do Levante a Santiago de Compostela, e em pouco mais de um ano estava cristalizado no livro, disponibilizado na Amazon, nas versões em português e espanhol.

Já a segunda, que tratarei no volume II, terá como pano de fundo a peregrinação pelo Caminho de Santiago, desde Muxía a Compostela.

Não tenho prazo. Diria que o livro está praticamente pronto, embora nunca tenha certeza disso. A cada tempo que tenho de lê-lo, faço uma modificação. E em muitas das vezes nem preciso lê-lo, mas diante de alguma nova experiência ou conhecimento fico inspirado a introduzir sentimentos aflorados pela busca sem fim proporcionada pelo Caminho de Santiago. Tento apenas não me surpreender quando a mudança coloca meu olhar num ponto distante, às vezes do outro lado...

O exercício, enfim, é constante, o que me alegra e me mantém atento a sinais – só esperando o momento oportuno para a revelação.

Buen Camino!

terça-feira, 19 de setembro de 2023

O Caminho de Caravaca!

Livro resgata peregrinação à Santíssima e Vera Cruz de Caravaca

Uma das poucas rotas de peregrinação cristã contemplada com Jubileu Perpétuo – o próximo será em 2024 –, o Caminho de Caravaca, na Espanha, é apresentado em meu novo livro “Mistério em Caravaca - 100 Dias no Caminho de Santiago”, disponível com exclusividade no portal Amazon, em www.amazon.com.br/Luiz-Carlos-Ferraz/e/B08W2BFRSB/ref=aufs_dp_fta_an_dsk – em português e espanhol, em e-book e impresso.

Com início em Orihuela, a peregrinação envolve mais de 110 quilômetros e tem como meta a Santíssima e Vera Cruz de Caravaca – que conserva fragmentos da cruz do martírio de Jesus Cristo e está guardada na fortaleza Real Alcázar, em Caravaca de La Cruz, em Múrcia.

Ainda que o Caminho de Caravaca tenha identidade própria, atraindo peregrinos desde 1231, na região há uma confluência de itinerários medievais que levam a Santiago de Compostela, sendo possível considerá-lo uma rota tangencial do Caminho de Santiago – como o Caminho Lebaniego, na Cantábria.

Peregrino do Caminho de Santiago desde 2009, quando realizei o Caminho Francês, minhas peregrinações estão registradas em livros – nove no total, todos disponíveis no formato e-book no portal Amazon. Destaque para “Juntos no Caminho de Santiago, as pedras do Caminho Inglês”, premiado no II Certame Internacional de Investigação do Caminho Inglês, promovido pelo Conselho de Oroso, na Galícia, Espanha.

Buen Camino!

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Mudanças

Para onde terá ido o belo pássaro?, pergunta o peregrino

Acessando agora minha timeline no Facebook, que não atualizo desde 13 de junho de 2022... sim, a poucos dias, ou horas, de completar um ano, ou um ciclo, seja por um ou outro calendário que você prefira acompanhar seus passos..., constato o quão é significativa, especialmente para mim, a imagem da gaivota totalmente livre alçando voo sob o céu do que se convencionou chamar de fim do mundo – e que reproduzo acima. Para onde terá ido o belo pássaro após aquele momento? Por um instante, esse mistério eterno me movimenta, fazendo seguir tranquilo, atravessando as pedras, com ânimo e alegria, com os olhos espertos e coração sensível.

Tenho tanto para contar sobre minhas últimas... ops, sobre as mais recentes peregrinações, realizadas em junho do ano passado, pelo Caminho da Santíssima e Vera Cruz de Caravaca, desde Orihuela até o magnífico santuário, e pelo Caminho de Santiago (na direção que entendo a peregrinação ao Apóstolo de Jesus), descobrindo a fantástica rota desde Muxía, passando por Finisterre, até a Cidade Santa. Dois trechos pequenos, mas muito intensos, com vibrações que sei permanecerão até o fim dos meus dias e fazem o corpo tremer quando neles penso... Cada vez mais me aprofundo no silêncio e foco na paciência, a virtude na qual busco aquietar meus anseios.

Buen Camino!

sábado, 9 de julho de 2022

E daí? Fiz o Caminho Aragonês!

Peregrino na Praza do Obradoiro

Texto abaixo foi escrito há 10 anos...

De trem não é a melhor forma do peregrino chegar a Santiago de Compostela. Mas para mim esta foi a alternativa possível de reencontrar a magnífica Santiago de Compostela, após fazer a peregrinação pelo Caminho Aragonês, de Somport a Puente la Reina – pelas minhas contas, cerca de 190 quilômetros a pé. E apenas até Puente la Reina, pois a partir daí, ou melhor um pouco antes, em Obanos, o Caminho Aragonês se une ao Caminho Francês. E foi exatamente o Caminho Francês que inaugurou, em 2009, a série de minhas peregrinações pelos Caminhos de Santiago. Naquela oportunidade, iniciei o Caminho Francês em Saint Jean Pied de Port e peregrinei em torno de 800 quilômetros a pé nos meses de junho/julho, o que está relatado no primeiro volume da trilogia “Pedras do Caminho”.

Por já ter feito o Caminho Francês, e talvez nem tanto por isso..., afinal, penso em fazê-lo outra vez... mas, pelo fato de ter pouco tempo de férias, não teria condições de continuar a peregrinação pelo Caminho Francês por mais de 600 quilômetros e seguir a pé até Santiago de Compostela.

Além do mais, assim é o Caminho Aragonês: apenas um trecho, em torno de 165 quilômetros – embora no meu caso dei uma ampliada e desviei por uma rota tangencial que leva aos Monastérios de San Juan de la Peña... Como foi possível acompanhar, o Caminho Aragonês atravessa os Pirineus, desde Somport, na divisa com a França, para encontrar em Obanos a rota mais famosa a Santiago de Compostela. A travessia dos Pirineus o coloca ao lado do Caminho Francês e, além da beleza da paisagem, é reconhecida a grande importância que sempre teve na condução de peregrinos por aquela região do Aragão, fosse para Santiago de Compostela, fosse para o trabalho contínuo de evangelização e domínio espanhol em outros pontos da Península Ibérica, na guerra contra os muçulmanos.

Não pensava, contudo, que para um peregrino fosse tão decepcionante adotar outro meio, que não os próprios pés, para ir ao encontro de Santiago. Uma decepção, certamente, que não me contagiou naquele momento, nem deixei que me contagiasse, pois o Caminho Aragonês é fantástico, proporciona experiências únicas e eternas... e, afinal, estava agora em Santiago de Compostela.

Na verdade, não importa se cheguei a pé, a cavalo, de bicicleta, de ônibus, trem ou avião, pois sempre defendi, como peregrino, o respeito a todos os peregrinos que chegam a Santiago por qualquer meio. Como, então, iria me martirizar por ter chegado de trem, e ainda mais, depois de ter peregrinado o fantástico Caminho Aragonês?

Cheguei a Santiago no início da noite de 10 de junho, sob uma fina garoa e me instalei num hotel junto ao casco antigo, já pensando no dia seguinte, em adentrar a Catedral, rever e tocar o Pórtico da Glória, dar um forte abraço na cabeça da imagem de Santiago, por trás do altar-mor, agradecer e orar junto às relíquias do Apóstolo de Cristo, na cripta, confessar, comungar, participar na missa do peregrino e, enfim, vibrar com o espetáculo do botafumeiro!

Fotos, filmes, registrei detalhes da Catedral que não percebi nas duas outras vezes que lá estive, em 2009, ao final do Caminho Francês, e em 2010, Ano Santo, após completar o Caminho Português, desde Oporto. Quantos detalhes! Quantos ainda verei nas próximas vezes em que retornar a Santiago.

Após algumas horas, depois de entrar e sair várias vezes da Catedral, experimentando as várias portas, subindo e descendo as escadarias, sempre sob uma fina garoa, aproveitei para me deliciar com a culinária galega e segui, finalmente, para conhecer a Cidade da Cultura. Fiquei deslumbrado com a concepção e a construção, que já tinha visto num especial de tevê no Brasil, e me motivei a escrever reportagem, capa na edição de junho de 2012 no Jornal Perspectiva, disponível no site www.jornalperspectiva.com.br

Estava programado para ficar mais um dia em Santiago de Compostela – antes de partir para Santander, para descansar na casa dos amigos José Antonio Soto Rojas e Luz Maria, e compartilhar também com o filho José Antonio Soto Conde, que havia passado lua de mel no Brasil, em 2011, com a esposa Maria Angeles, e estavam comemorando o primeiro aniversário da filha Sofia.

No dia seguinte, terceiro e último dia em Santiago de Compostela, voltei a caminhar pelas ruas de pedra, fui à nova Oficina de Peregrinos, para colocar o selo em minha credencial que comprova o Caminho Aragonês. Embora não tivesse o direito de obter mais uma Compostelana, como nas vezes em que completei o Caminho em Santiago de Compostela, fiz questão de colocar o selo, pois, afinal, registra minha passagem por Santiago.

Após a missa, pela primeira vez, fui conhecer o Museu da Catedral, o claustro, o Panteão Real, a Biblioteca, onde está uma réplica do botafumeiro e onde, até aquela data, uma réplica do Codex Calixtinus ocupava o lugar do exemplar original, que havia sido furtado e, até então, continuava desaparecido – mas que viria a ser encontrado dias depois, no início de julho, na garagem na casa de um ex-funcionário da Catedral.

Quantos detalhes! Quantos ainda verei nas viagens futuras a Santiago.

Ah! Da próxima vez chegarei a pé!

Cruz de Santiago na Catedral de Compostela

Coluna do Pórtico da Glória

Imagem de Santiago Apóstolo no altar-mor da Catedral de Santiago

Botafumeiro, no interior da Catedral de Santiago

Freira orienta fiéis sobre os cânticos antes da Missa do Peregrino, na Catedral de Santiago

Santiago Peregrino na fachada da Catedral de Santiago, na Praza do Obradoiro